Mali: Agressão ao presidente interino pôe acordo em perigo

  • Anne Look

Os golpistas

Agressores gritam palavras de ordem contra a CEDAO

Representantes do Conselho de Segurança da ONU declararam o seu apoio aos esforços da Comunidade Económica de Desenvolvimento da África ocidental, CEDAO, para tentar resolver a situação política no Mali.

O voto de confiança foi dado por uma delegação do Conselho de Segurança que está a visitar o país e segue-se a uma agressão ao presidente interino Dioncounda Traore por parte de manifestantes que conseguiram entrar no palácio presidencial.

Traore teve que receber tratamento hospitalar.

Residentes no Mali estão a expressar choque pelo ataque de manifestantes contra o presidente interino.

O mandato inicial de 40 dias do presidente interino deveria terminar Terça-feira. Contudo os militares que derrubaram o anterior presidente em Março assinaram um acordo com a CEDAO pelo qual Traore será presidente interino durante um ano para organizar eleições.

O acordo provocou manifestações em BamaKo, com os manifestantes a gritarem palavras de ordem contra o bloco regional e exigindo o regresso do presidente eleito que foi derrubado quando o seu mandato se aproximava do fim.

“O Mali é um país soberano. O Mali pode escolher o seu próprio presidente,” gritavam os manifestantes.

Os manifestantes invadiram o palácio presidencial e agrediram o presidente interino que teve que ser hospitalizado.

Traore é visto por muitos malianos como sendo parte da muito impopular elite política do país.

Falando ontem à noite pela televisão o primeiro ministro interino Cheick Modibo Diarra disse que a agressão do presidente tinha sido um acto vergonhoso. O chefe do governo apelou ao fim das manifestações mas durante o dia de hoje os bancos permaneciam encerrados embora a capital estivesse calma

Mesmo alguns malianos que se opõem à decisão da CEDAO expressaram choque pelo ataque ao presidente

Diakite Boubacar disse à Voz da América que a instituição da presidência “deve ser respeitada” acrescentando que a situação deve ser resolvida sem que se ataque fisicamente o presidente interino.

Entre a população há suspeitas que militares teriam ajudado os manifestantes a entrarem no palácio.

A CEDAO diz que está a investigar o ataque particularmente o facto dos manifestantes terem podido entrar no palácio que está guardado.. A CEDAO disse que tomará medidas contra os que estiveram a orquestrar a instabilidade.

Representantes do Conselho de Segurança da ONU que estão de visita ao país expressaram apoio aos esforços da CEDAO no país.

O representante da França no Conselho de Segurança Geraud Araud disse que a missão da CEDAO está a ser levada a cabo com muita coragem e determinação para se encontra uma solução baseada na saída do poder da junta militar.

Os últimos acontecimentos, disse o diplomata francês, põem em perigo considerável o acordo nesse sentido pelo que poderá ser necessário explorar outras vias.

O acordo dá ao líder da junta militar o capitão Amadou Sanogo o estatuto e privilégios de um antigo chefe de estado mas desconhece-se que papel vai desempenhar durante o período de transição.

Analistas disseram por outro lado que a não deverá haver alteração á situação no norte do Mali que esta sob controlo de forças rebeldes que proclamaram a independência desse território, dividindo o país em dois.

A CEDAO ofereceu-se para enviar tropas para o Mali mas muitos afirmam que nesse caso as tropas da CEDAO poderão estar restritas á capital para garantir o acordo de transição