A conquista do então Reino de Benguela, a fundação da cidade e a sua evolução pelos séculos XVII, XVIII e XIX, foram dos mais atribulados.
Desde a sua conquista a 17 de Maio de 1617 por Cerveira Pereira, Mombaka (na designação dos nativos significava Benguela) era símbolo de prosperidade comercial e a Meca dos negociantes.
As caravanas de intercâmbio comercial, movidas pelas permutas de géneros coloniais com interesse para o exterior com artigos vindos da Europa (tecidos. vinhos e miudezas) começaram a fazer sentir os seus efeitos.
A região passou a ser considerada como o porto mais importante a seguir a Luanda. Joaquim Grilo, conta que, interacção entre os português hostis ao regime colonial e os autóctones influenciar as revoltas contra o colonialismo desencadeadas pelos benguelenses a mais de 200 anos.
“ Benguela serviu muito de campo de concentração dos portugueses hostis ao regime. Eles eram deportados para Benguela.”
“ Vinham para aqui no degredo e muitos morriam de malária. Os poucos sobreviventes, foram constituindo famílias revoltadas contra o regime.”
Joaquim Grilo referiu ainda que Benguela foi uma região onde o então governo português encontrou sérias dificuldades em governar.
“ Os benguelenses não aceitavam a governação de indivíduos indicados a partir de Lisboa. Se viessem de Lisboa tinha de ser com anuência da população local. Benguela sempre foi contestatária.”
Por sua vez, economista Alves da Rocha, disse em Benguela que, o futuro do desenvolvimento da economia angolana assenta na economia não petrolífera, onde a província de Benguela joga um papel estratégico, devido à sua posição geográfica, potencialidades agrícolas e à existência de infra-estruturas como os Caminhos-de-Ferro de Benguela e o Porto do Lobito. Segundo o especialista, existe a tendência das pessoas abandonarem o interior de Angola e imigrarem para Luanda visto que toda a contabilidade do petróleo está concentrada na capital angolana e não nas províncias produtoras do petróleo como Cabinda e Soyo.
A concentração da contabilidade petrolífera, acrescenta Alves da Rocha, tem potenciado a existência de uma Angola desfavorecida marcada por elevadas taxas de desemprego e crónicos problemas sociais no interior de Angola.