O recente anúncio do fim da missão militar de Angola na Guiné-Bissau, Missang, revelou a existência de um conflito entre as forças armadas e o poder político guineense – quem o diz é o professor Eduardo Costa Dias, docente no Centro de Estudos Africanos do ISCTE em Lisboa.
Para esse académico, mais do que uma questão de desentendimento político, a presença de militares angolanos em Bissau com uma logística de ponta terá também suscitado um sentimento de inferioridade nas forças armadas guineenses.
O professor Eduardo Costa Dias, diz por outro lado, que o facto de a Missang ter-se posicionado ao lado do governo de Carlos Gomes Júnior, terá alimentado a oposição dos militares guineenses e com isso o seu insucesso.
O professor do ISCTE diz contudo que as tropas angolanas podem continuar indefinidamente em Bissau, já que não foi fixada a data para a sua retirada ou que em ultima instância esse contingente poderá ser submetido as ordens de um comando da Comunidade Económica dos Estados da Africa do Oeste - CEDEAO.
De recordar que na sua viagem Segunda-feira à Bissau, o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, confirmou que a missão angolana de apoio à reforma do setor militar - MISSANG - iria sair da Guiné-Bissau, em resposta às solicitações de "alguns setores" guineenses.
À saída de uma reunião com o governo guineense e após uma audiência com o Presidente interino da Guiné-Bissau, o responsável pela diplomacia angolana havia confirmou a retirada da Missang, sem no entanto adiantar a data da partida do contingente.