No Mali, a Junta Militar adiou sine-die uma anunciada convenção nacional destinada a facilitar a transição para um governo civil.
No início desta semana os presidentes da CEDEAO tinham aprovado sanções contra o país como forma de pressionar os militares a abandonarem o poder.
Nancy Palus reportou que em Bamako que membros da sociedade civil maliana estão a esquivar-se do encontro nacional.
Um alto responsável da Junta disse na televisão nacional que o governo militar adiou a anunciada convenção por necessitar de mais tempo para garantir a organização do evento. Uma iniciativa que está a ser rejeitada pela CEDEAO que acusa os militares de estarem a tentar ganhar tempo.
A maioria dos malianos não tem grandes esperanças nesse anunciado encontro que prevê garantir o regresso a normalidade através do cumprimento das normas legais. Uma coligação de organizações da sociedade civil já veio dizer que poderá não participar na anunciada convenção.
Tieman Coulibaly é um membro da chamada frente política.
Ele diz que estão a espera que as instituições do país sejam reinstaladas para o funcionamento normal, e adianta que não irão participar na convenção nacional. A Junta deve avançar com a ideia, mas irão organiza-la sem a nossa coligação política – concluiu Tieman Coulibaly.
Desde o bloqueio regional ditado pela CEDEAO na Segunda-feira as fronteiras do país foram encerradas e as contas bancárias do governo congeladas. Muitos malianos queixam-se actualmente do alto custo dos géneros alimentícios e de outros produtos de primeira necessidade como os combustíveis.
Hoje de manhã na cidade de Bamako tudo parecia funcionar na normalidade com a abertura dos mercados e a circulação dos transportes públicos. Contudo as pessoas estão preocupadas com o futuro no caso deste impasse se prosseguir indefinidamente. Alguns funcionários queixam-se de ainda não terem recebido o salário do mês de Março.
O jovem Aboubacar de 22 anos de idade diz que os malianos merecem melhor que isso.
“Se impõe sanções contra os malianos, não são os inimigos que serão penalizados, mas sim, toda a sociedade. E penso que toda a gente não é responsável pelo que está a acontecer actualmente. Não precisamos de sanções, precisamos de ajuda.”
Enquanto o Mali continua sem um governo legítimo, o caos vai reinando no norte do país ocupado pelos Tuaregues e militantes islâmicos. O grupo separatista MNLA disse que poderia cessar as operações militares hoje Quinta-feira.
Ainda hoje, combatentes supostamente da facção islâmica de Ansar Dine saqueou o consulado argelino na cidade de Gao e mantêm em custódia os funcionários diplomáticos. A Argélia que tem fronteira comum com o Mali tem sido intransigente no combate a grupos terroristas islâmicos na região do Sahel.
As pessoas na cidade de Gao disseram a Voz da América estarem desesperadas e aguardam por autocarros públicos para fugirem da cidade. Em Bamako é evocado a urgência de criação de um corredor humanitário para socorrer as pessoas que necessitam de assistência após as pilhagens da guerra numa região já de si assolada pela seca e pela falta de comida.