Quénia notificou Angola de que é proprietário de munições no barco americano

Quénia notificou Angola de que é proprietário de munições no barco americano

Apesar da declaração queniana o cargueiro Maersk Constellation continua retido no Lobito

O governo do Quénia reivindicou como seus os quatro contentores, com munições, retidos pelas autoridades angolanas no Lobito, mas o cargueiro Maersk Constellation continua em Angola.

"O governo deseja confirmar que espera a entrega de quatro contentores de munições adquiridas nos Estados Unidos. O navio que os transporta está a caminho de Mombasa após uma escala em Angola", declarou, em Nairobi, o porta-voz oficial Alfred Mutua.

O correspondente da VOA no Lobito soube que o Quénia já notificiou as autoridades angolanas, mas ainda não se sabe se o fez "oficialmente". Os contentores com as munições permanecem numa instalação militar e o cargueiro americano continua ancorado.

O navio Maersk Constellation foi detido pelas autoridades no porto de Lobito, no dia 28 de Fevereiro, sob alegação de transporte ilegal de material de guerra.

A tripulação afirmou que as munições a bordo se destinavam ao Quénia mas Luanda disse aguardar a confirmação do Ministério da Defesa do Quénia, antes de permitir que o navio siga viagem, não aceitando os documentos de carga apresentados.

Fontes da Voz da América disseram que esta segunda-feira o encarregado de negócios da embaixada americana em Angola, David Brooks foi chamado, uma segunda vez, pelo ministro das Relações Exteriores, George Chicoty, para prestar esclarecimentos sobre os meios militares não declarados no manifesto transportados pelo cargueiro Maersk Constellation.

Segundo a imprensa estatal angolana, já na sexta-feira passada o encarregado de negócios dos Estados Unidos em Angola havia apresentado um documento onde constavam dados sobre o material bélico, sem no entanto convencer Luanda pelo facto do manifesto inicial ostentado pelo capitão do navio não fazer referência ao mesmo.

No encontro, em que esteve também presente, o Ministro do Interior, Sebastião Martins e altos funcionários das alfândegas, a delegação americana confirmou a versão do capitão do navio segundo a qual os quatros contentores de munições eram para as autoridades quenianas e foram negociadas por uma companhia britânica.

O governo do Quénia ainda não confirmou a propriedade da carga, mas o partido no poder em Angola, na voz do seu secretário para a informação, Rui Falcão Pinto de Andrade afirmou em Luanda, que carregamento se destinava à UNITA que pretende retomar a guerra civil no país.

O armador insisitu sempre que as munições não se destinavam a Angola e o porta-voz do governo do Quénia disse que as mesmas reprsentam uma transacção "normal".

Refira-se que o navio que faz a sua rota de navegação sob pavilhão americano, partiu do do estado de Louisiana, e fez uma escala em Dakar, tendo chegado ao Lobito no dia 28 de Fevereiro, descarregando, nesse dia, assistência alimentar americana. O material de guerra depois encontrado a bordo foi transferido para uma unidade militar em Benguela.

De acordo com o plano de trajecto, o navio seguiria depois para Moçambique e Tanzânia com a mesma mercadoria para o Programa Alimentar Mundial (PAM) e posteriormente para o Quénia para a descarga do material de guerra encomendando pelo Ministério da Defesa daquele país.