Brasileiros e estrangeiros discutem a globalização do Samba

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Faltam acções para envolver os países africanos

Especialistas brasileiros e estrangeiros discutem esta semana, no Rio de Janeiro, a globalização do samba. O 7º Encontro Internacional do Samba e Carnaval vai até esta sexta-feira com a proposta de reproduzir, cada vez mais, a cultura do samba no mundo.

O encontro vai ser marcado por palestras de brasileiros e estrangeiros. O principal assunto em discussão é a popularização do samba no mundo inteiro e a conscientização da potência econômica que ele representa.

Segundo o organizador do evento, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Jair Martins de Miranda, sambistas brasileiros e os estrangeiros vão ter a oportunidade de verificar as possibilidades de trabalho na área dentro e fora do Brasil.

Miranda lembra que o fenômeno que envolve o samba e o carnaval é, hoje, muito maior do se imagina. “A proposta do projeto Samba Global, que engloba esses encontros, é fazer esse levantamento do samba fora do Brasil. Já constatamos, ao longo de 7 anos de pesquisa, que existem muitos grupos que reproduzem o nosso Carnaval. É um fenômeno mundial.”

Para o pesquisador da área, não faltam exemplos de que o carnaval do Brasil ganhou o mundo. A prova disso são os premiados deste ano no 7º Encontro Internacional do Samba e Carnaval. “Os premiados foram a AESA, Associação das Escolas de Samba de Asakusa, em Tóquio, que faz um grande carnaval há trinta anos. É totalmente inspirado no nosso carnaval e no nosso samba, reunindo mais de 500 mil pessoas no centro de Tóquio. Reúne também cerca de 6 mil sambista, grande parte japoneses,” conta o historiador.

As demonstrações carnavalescas no exterior inspiradas no Brasil não param por aí. “Outro premiado foi a Associação das Escolas de Samba e Carnaval da Finlândia que faz um carnaval muito grande. Premiamos, ainda, o Bloco X, um grupo de sambista de toda a Europa que faz um carnaval em toda a Europa. Temos, ainda, o Samba TAM TAM, da República Checa, que faz em Praga um grande trabalho de promoção do nosso Samba”, completa Miranda.

Na opinião do historiador, já podemos dizer que o samba e o carnaval têm hoje no mundo a marca registrada brasileira. “Podemos dizer que, tal como a capoeira, espalhada no mundo inteiro, o samba e o carnaval nós exportamos. Haja vista que o nosso carnaval é transmito ao vivo para muitas cidades no mundo, como uma Olimpíada,” afirma.

O professor admite que, o que falta agora é integrar os países africanos nesse movimento de divulgação do samba e carnaval. “Agente ainda não conta com essa relação, inclusive é um dos objetivos do projeto estender essa nossa parceria com a África. Na verdade, podemos dizer que foi a África nos legou esse grande patrimônio e nos deu essa característica que o Brasil tem.”

Questionado para explicar porque tantos estudiosos consideram o Carnaval como uma grande potência, o estudioso explica que é porque o samba, propagado na festa carnavalesca, ajuda a vender o Brasil, produtos brasileiros agregados a ele.

“Nós estamos em uma situação de crise do sistema capitalista tradicional e uma das grandes características desse novo cenário é capitalismo cognitivo, que trabalha com afecto com imagem. E o nosso samba, além de ser produto com valor simbólico enorme, ele agrega valor a muitos outros produtos brasileiros. Quando se vende produtos brasileiros, se venda a marca Brasil, que tem o samba, com toda a sua simbologia cultural, totalmente agregado”.

O Carnaval do Rio de Janeiro será oficialmente aberto na tarde desta sexta-feira (17), quando o Rei Momo é coroado pelo prefeito carioca e recebe as chaves da cidade.