2 Fev 2011 - A administração Obama, depois de ter inicialmente subestimado a força e determinação dos protestos anti-governamentais no Egipto, deixou entender em publico e em privado que a partida do presidente Mubarak devia acontecer o mais cedo possível.
Responsáveis americanos chegaram a qualificar os protestos de “transição ordeira” e declararam-se publicamente que não estavam impressionados pelas reformas até aqui feitas pelo presidente egípcio Hosni Mubarak.
O governo americano vacilou nas suas primeiras reacções a crise política no Egipto, mas ainda esteve a tempo de corrigir o seu posicionamento durante o fim-de-semana.
O jornal The Washington Post, publicou que os responsáveis da administração americana não cessaram de contactar em privado o governo, as forças amadas e a oposição no Egipto, pressionando para que o actual movimento de protestos conduza a transição política através de eleições livres. O mesmo jornal adianta que o Departamento de Estado enviou na segunda-feira o antigo embaixador americano no Egipto, Frank Wisner, ao Cairo com a missão de transmitir pessoalmente uma mensagem ao presidente Hosni Mubarak.
Fazendo ainda fé nesse diário de Washington, a administração americana sentiu-se desconfortável com a sua posição de espectador em vez de actor principal do drama que está a ter lugar nas ruas de Cairo. Além de mais, a diferença horária que separa os dois palcos, o corte de comunicações telefónicas móveis e também da rede de internet, acentuaram a amplitude da alienação sentida pelos dirigentes americanos.
Mas os americanos reconheceram também a dimensão dos riscos em que incorrem, e disseram que era preciso agir com muito cuidado. Países aliados da região, a maioria deles condescendentes com as práticas repressivas que levaram abaixo o regime de Mubarak, estão a acompanhar de perto as acções americanas, que se vê na contingência de abandonar um aliado de longa data. Isso enquanto, todo e qualquer esforço para manter Mubarak no poder, pode minar as relações com o próximo governo. Um alto funcionário da Casa Branca, disse que os protestos seriam cruciais para determinar a direcção que a crise deverá seguir.
Membros da administração americana respiraram de alívio quando as forças armadas egípcias anunciaram que iriam respeitar os direitos dos manifestantes e que não interfeririam na crise. O governo americano não perdeu tempo e negou categoricamente as notícias que referiam a um possível pedido de Washington exigindo a neutralidade das forças armadas do Egipto. A mensagem transmitida pelo Almirante Mike Mullen chefe das forças americanas numa conversa com o seu homólogo egípcio no domingo, o General Sami Enan era mais subtil, disse um alto oficial americano. Mulllen “saudou-os pelo profissionalismo” demonstrado até ao momento e realçou que “gostaria de ver posições como essa.”
Enquanto isso, a agência de notícias Reuters citava terça-feira o porta-voz do Departamento do Estado, Philip Crowley a propósito da missão do embaixador Frank Wisner ao Egipto. Crowley dizia que Wisner terá a oportunidade de obter uma ideia sobre o que pensam os egípcios e como as suas aspirações se enquadravam nos apelos americanos.
A Casa Branca tem insistido que o presidente Obama não apelou à partida do presidente Mubarak, adiantando ainda que caberia ao povo egípcio decidir o seu futuro. Os Estados Unidos já começaram a analisar as implicações dos protestos no caso de estes persistirem por longo tempo e sobre os cenários possíveis para o futuro, isso de acordo com um analista que participou num encontro na Casa Branca. O presidente Obama mostrou-se preocupado em relação a ajuda a prestar, num momento que qualquer tentativa de apoio pode, segundo várias fontes, alimentar a revolta.