Ouvintes da VOA manifestaram-se quase que por unanimidade contra a continuação de Bornito de Sousa no cargo de ministro da Administração do Território enquanto candidato a vice-presidência, como segundo da lista do MPLA às eleições de Agosto.
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“Um guarda não pode ser chefe”, disse Mário Kandoti, um dos muitos ouvintes do “Angola Fala Só” nesta sexta-feira, 24, que fez uso de analogias para manifestar a sua oposição a essa duplicação de funções.
O Ministério da Administração do Território é responsável pelo registo eleitoral, mas Bornito de Sousa já declarou publicamente não haver qualquer conflito de interesses em manter as duas funções.
O convidado do programa deveria ter sido o activista Hitler Samussuku, um dos organizadores de uma manifestação impedida em Luanda nesta sexta-feira, 24, para exigir a demissão de Bornito de Susa.
Samussuku não pôde, contudo, participar por ter sido ferido pela polícia que dispersou os que pretendiam participar na manifestação.
Hilário Francisco disse no programa que o facto de o candidato à vice-presidência estar encarregue de monitorizar o registo eleitoral “não oferece garantias e segurança de que poderá haver lisura em relação ao registo em curso”.
Incompatibilidades
Para Francisco, o mesmo se aplica ao cabeça-de-lista do MPLA, João Lourenço, que, para ele, deveria abandonar o cargo de ministro da Defesa.
“Um cão não pode levar dois ossos, pois um dos ossos cai”, sublinhou Clementino Rodrigues, para quem "tem que haver separação das coisas: ou candidato ou ministro”.
Opinião diferente tem Edgar Artur que considerou “não haver incompatibilidade ou impedimento legal” na continuação de Bornito de Sousa como ministro e candidato ao Parlamento.
Artur considerou, contudo, que pode "ser um erro pelo facto de o acúmulo de funções afectar o trabalho".
Isso, disse, é um problema que ocorre um pouco por toda Angola, “ como por exemplo nas universidades”, onde professores não levam a cabo as tarefas de forma satisfatória devido ao facto de muitos deles acumularem várias funções.
"Cozinheiro não passa fome na sua cozinha"
António Monteiro, por seu lado, afirmou que a controvérsia em redor de Bornito de Sousa demonstra que “o partido no poder não está preparado para perder,” mas lançou um apelo ao diálogo: “as pessoas têm que se sentar e falar para vermos o que se vai fazer deste país”.
José Manuel Saúka completou não acreditar que quem esteja a organizar o registo possa perder as eleições.
“O cozinheiro não pode passar fome na sua própria cozinha”, afirmou Saúka.
Outros ouvintes, como Domingos Sanguelengue, disseram que “o árbitro não pode ser jogador”, mas, para ele, "o MPLA tem medo das eleições, mas não devia ter medo".
Depois do programa, Hitler Samussuku falou com a VOA.
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