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Angola Fala Só: "É preciso que angolanos se libertem dos fantasmas do passado" - Vicente Pinto de Andrade


Vicente Pinto de Andrade, professor, economista e sociológo angolano
Vicente Pinto de Andrade, professor, economista e sociológo angolano

Histórico do MPLA fala sobre a sua decisão de concorrer ao Parlamento, defende o reforço do sector privado como forma de combater a corrupção e analisa a transição

Angola Fala Só 17/02/2017 - "Angolanos devem libertar-se dos fantasmas do passado" - Vicente Pinto de Andrade
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A linguagem sobre “as recordações da guerra” deve ser abandonada por todos os intervenientes da cena política angolana, disse Vicente Pinto de Andrade, candidato ao parlamento pelo MPLA.

Ao participar no programa da VOA “Angola Fala Só”, o histórico e conhecido economista angolano revelou o seu optimismo de que o país está a entrar numa nova era de um debate mais aberto e em que as ideias de todos podem ser aceites.

“Infelizmente ainda há uma tendência para se sublinhar aquilo que foram as consequências da guerra; uma tendência para se atribuir responsabilidades pelo que se viveu no passado”, disse Pinto de Andrade, para quem “todos os actores políticos angolanos devem preocupar-se mais em afirmar os seus projectos e as suas ideias sobre o que querem trazer de novo, em vez de insistir sobre aquilo que foi o passado”.

O Parlamento e a sua função

A guerra deixou marcas psicológicas, na óptica do economista que apelou a uma libertação do passado.

“É preciso que todos os angolanos se libertem dos fantasmas do passado e isso deve envolver toda a sociedade”, sublinhou.

Questionado sobre o papel do Parlamento, particularmente sobre as críticas de que o órgão não tem exercido as suas funções, Pinto de Andrade afirmou ser provável que “numa situação em que haja mais equilíbrio” os debates na assembleia possam ser mais eficazes.

“Eu acredito que no futuro, com uma geração mais nova e menos comprometida com problemas do passado, haverá um debate muito mais aberto e mais franco, quer no interior dos partidos, quer entre os partidos”, respondeu o economista, que defendeu a transmissão dos debates do parlamento na rádio pública,

Ele rejeitou a ideia apresentada por um ouvinte de que ser candidato ao Parlamento significa que vai “acomodar-se” e puxou da sua história pessoal para dizer que nunca receou criticar.

“Nunca fico calado quando as coisas não são do meu agrado e falo também quando as coisas estão a ser bem feitas”, revelou.

JES e a transição

Interrogado sobre se a saída de José Eduardo dos Santos da Presidência da República e do MPLA trará mudanças, o também professor universitário considerou que “o principal aspecto é a transição de geração e quando isso acontece como agora é evidente há sempre mudanças”.

“Eu creio que vai acontecer a mesma coisa, até porque cada líder e cada político tem o seu próprio estilo de fazer política”, avaliou aquele histórico do MPLA, lembrando, no entanto, não haver "uma sociedade unânime” em Angola

“O nosso povo tem vários pensamentos e a diversidade vai manter-se”, disse o convidado da VOA que, apesar das previsões para a economia angolana "não serem as melhores", mostrou-se optimista "com a entrada em funcionamento de alguns projectos, principalmente os referentes à produção de energia, em que a situação irá melhorar nos próximos anos".

O economista sublinhou também a importância de se “aprofundar o sector privado da economia” e de os cidadãos “terem uma participação muito mais vincada na produção”.

Quanto à corrupção, Pinto de Andrade admitiu que é muito mais fácil ela acontecer em países “onde o Estado tem um peso muito grande”, apontando que a solução passa por “aprofundar a criação do sector privado”.

Questionado por um ouvinte sobre o empreendedorismo, aquele economista disse que o país "deve tirar partido do empreendedorismo que existe no país a nível de pequenos negócios e de pequenas empresas", destacando o papel "da mulher angolana, que através de pequenos negócios garante a sua sobrevivência e das suas famílias"

“Essas são as pessoas que devemos apoiar através do fornecimento de crédito bancários”, concluiu Vicente Pinto de Andrade.

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