As manifestações nas Lundas pela autonomia da região vão continuar, disse o presidente do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima.
Zecamutchima falava no programa “Angola Fala Só” onde a participação dos ouvintes foi feita inteiramente através das redes sociais devido à impossibilidade de se estabelecer ligações telefónicas com Angola.
O dirigente daquele movimento disse que na sequência dos incidentes do fim-de-semana passado no Saurimo em que várias pessoas, incluindo sobras, foram presos, a situação agora estava calma.
Todas as pessoas foram libertadas. O movimento tinha anunciado a sua intensão de levar a cabo uma manifestação na cidade á semelhança do que tinha acontecido dias antes no Cafunfo.
O líder do movimento – que luta pela autonomia da região – disse que tinha informado o Governo, no ano passado, da sua intenção de levar a cabo manifestações este ano para exigir o diálogo sobre as suas aspirações.
José Mateus Zecmutchima descreveu uma situação de extrema pobreza nas Lundas onde segundo disse não há uma única fábrica e onde “há 90% de desemprego”.
“As Lundas são um celeiro para o enriquecimento dos dirigentes, dos seus filhos e dos generais”, disse.
Interrogado sobre as próximas eleições em Angola, Zecamutchima disse que advoga a abstenção da população das Lundas dessas eleições.
“Não vamos votar para legitimar o colono”, afirmou, descrevendo todos os partidos políticos como parte das instituições estatais angolanas.
Para além disso, disse, “todos os angolanos sabem que o MPLA faz sempre batota”.
“Não ouvi nenhum partido da oposição falar sobre o futuros das lundas”, acrescentou, afirmando ainda que a sua organização tinha-se reunido com todos os partidos angolanos incluindo com o próprio MPLA no poder para explicar as suas reivindicações
“Ninguém se dignificou a responder”, acrescentou.
“Todos os partidos são angolanos”, disse.
Para José Mateus Zecamutchima as Lundas são um estado sob ocupação e objectivo do movimento é ter as suas próprias instituições com ligações ao estado angolano num regime autónomo.
Zecamutchima disse que o seu objectivo é uma autonomia semelhante aquela que a Escócia tem dentro da Grã-Bretanha em que os escoceses tem a sua própria legislatura mas fazem parte também das instituições britânicas.
Dentro desse esquema os próprios partidos angolanos poderá operar nas Lundas tal como acontece no caso português da Madeira onde os partidos nacionais actuam naquela região autónoma.
“O problema é simples: sentar e discutir”, afirmou acrescentando que o que “pode ser complexo” são as modalidades dessa autonomia.
O líder do Movimento do Protectorado das Lundas reafirmou uma política de resistência e luta pacífica do seu movimento embora tenha afirmado que há crescentes vozes a favor da violência.
“O Governo de Luanda é muito teimoso”, disse e isso põe em perigo a estabilidade de uma inteira região porque se houver violência nas Lundas isso pode alastrar-se para países vizinhos.