Angola arrisca-se a ser "lavandaria" de fundos ilegais, avisa UNITA

Em causa lei sobre repatriamento de capitais

O principal partido da oposição angolana, a UNITA, avisou que o projecto de lei de repatriamento de capitais proposto pelo governo ameaça transformar o país numa “lavandaria” de dinheiro ilícito.

A Assembleia Nacional angolana vai discutir quinta-feira, 22 de Fevereiro, dois projectos de lei. Uma do governo e outro da UNITA.

O Presidente João Lourenço afirmou anteriormente que não serão feitas perguntas ou investigações sobre fundos que sejam repatriados em prazo a determinar pela lei.

Mas o chefe da bancada parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, disse que há perigos nisso.

Adalberto Costa Junior, vice-presidente da bancada parlamentar da UNITA, Angola.

“Nós não podemos correr o risco de fundos desviados do erário público, fundos com origem ilegal, fundos não declarados, se puderem amanhã regressar a coberto da legalidade poderia transformar Angola numa lavandaria de dinheiros ilegais”, disse o deputado da UNITA para quem esta questão deve ser questionada.

“Encaixar integralmente os fundos do autor do desvio é perigoso, é imoral e é até mau para a imagem do país”, acrescentou afirmando ainda que “o estado não pode correr o risco de ser uma lavandaria de desvios”.

Para a UNITA qualquer repatriamento deve ser divido entre o estado e investimentos. Adalberto da Costa Júnior disse que dos fundos devolvidos 45% “de encaixe para o estado, os outros 55% sejam direccionados a investimento podendo quem os receber ficar com uma parte da tutela”.

A proposta de uma lei sobre repatriametno de capitais tem causado controvérsia mesmo entre as hostes do partido no poder com alguns a visarem de uma "caça às bruxas, que poderá afectar angolanos com fundos legítimos no estrangeiro" e outros como Bento Kagamba, a afirmarem que "como cidadão tem o direito de guardar o meu dinheiro onde quiser mesmo que seja num garrafão".