No cenário moçambicano, o ativismo juvenil tem se mostrado uma força emergente na luta por direitos humanos e justiça social. Entre os principais jovens à frente desse movimento está David Xavier Fardo, presidente do Parlamento Juvenil de Moçambique e fundador da Coligação da Juventude PALOP. David se destaca como um líder influente e incansável.
Em entrevista ao Fala África, ele abordou diversos temas, como os desafios enfrentados pelos ativistas e as conquistas mais significativas do ativismo moçambicano.
David iniciou a conversa destacando os principais desafios que enfrenta como ativista. “Os defensores dos direitos humanos enfrentam praticamente os mesmos desafios em todo o mundo. O primeiro está ligado à proteção do ativista, como sua segurança pessoal, e o fechamento de oportunidades cívicas de participação,” afirmou David. Ele ressaltou que os ativistas são frequentemente vistos como uma ameaça pelo governo, o que dificulta ainda mais sua atuação.
David mencionou os dois slogans que os ativistas usam: “Nada para nós, sem nós” e “Só advoga sob seus direitos quem realmente os conhece”.
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Sobre as mudanças significativas na vida dos jovens moçambicanos como consequência do ativismo em Moçambique, David mencionou várias conquistas importantes. "Nossa participação garantiu que Moçambique tivesse hoje uma política nacional da juventude, uma política nacional do emprego e várias outras legislações que refletem a vontade da juventude," explicou.
Ele destacou a importância da mobilização jovem e como isso transformou a apatia em ação, com os jovens agora capazes de levantar e defender seus direitos de forma independente.
Um dos momentos mais marcantes de sua atuação foi participar da liderança nos protestos contra o aumento das tarifas de internet em Moçambique. David detalhou os desafios enfrentados durante esses protestos: “Sem aviso prévio, as operadoras decidiram aumentar os custos da internet, das SMS e das chamadas de voz. Nós, como sociedade, sentamos e pedimos várias sessões de discussão.” Ele enfatizou a importância da resistência e da pressão social, que culminaram na revogação dos pacotes impostos sem consulta popular.
David também discutiu a inspiração por trás de seu ativismo, mencionando figuras históricas como Martin Luther King e Samora Machel. No entanto, ele atribui grande parte de sua motivação ao desejo de independência pessoal e à curiosidade intelectual. “Comecei a exercer o meu ativismo através do Parlamento Juvenil em 2011. Foi a curiosidade de aprender mais e a vontade de defender as causas sociais que me impulsionaram,” disse.
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Em relação ao futuro, David vê o empreendedorismo como uma solução vital para os problemas de emprego enfrentados pela juventude. “Uma das maiores estratégias que garantimos é primeiro os jovens serem autossuficientes e polivalentes. Olhamos para o empreendedorismo como uma das soluções, porque o estado não é autossuficiente para empregar toda esta camada social juvenil,” destacou.
O ativismo de David Xavier Fardo e sua dedicação à causa dos jovens em Moçambique exemplificam a importância da mobilização e do engajamento cívico. Suas conquistas até agora, juntamente com a participação de tantos outros ativistas, são um testemunho do poder da juventude organizada e da resistência frente aos desafios impostos.