A falta de confiança e transparência no tratamento de alguns casos da violência doméstica a nível dos órgãos da justiça angolana, aliada às retaliações e o sentimento de perseguições por via de actos tradicionais têm levado muitas vítimas a sofrer no silêncio.
A província do Namibe regista semanalmente uma média seis casos e este ano a sala de conciliação familiar da Direcção da Família e Promoção da Mulher registou 168 casos de violência doméstica de natureza diversa.
A directora daquela instituição, Natália de Carvalho, realça a fuga à paternidade, a assistência alimentar das crianças e o abandono das famílias.
Durante a jornada de 16 dias de activismo contra a violência doméstica em Angola, a primeira secretaáia provincial da “OMA no Namibe, Josefa de Assunção Miguel “Xoxó”, criou equipas que estão a levar a cabo uma ampla campanha de sensibilização ” porta-a-porta” em Moçâmedes para combater a desagregação das famílias.
A dirigente da OMA diz que homens e mulheres vítimas de violência doméstica devem quebrar as algemas do silêncio e colocar os problemas lá onde podem ser resolvido com transparência e lisura.
O Conselho de Família tem ajudado em grande parte na solução de muitos dos conflitos resultantes da violência domestica.
A pobreza, o desemprego, a gravidez precoce e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas são alguns dos males que concorrem para o mal-estar das famílias angolanas, segundo sociólogos, psicólogos e outros especialistas ligados à matéria.
No Kwanza Sul
Na província do Kwanza-Sul, foram registados de Janeiro a Setembro mais de 100 casos de violência doméstica.
A revelação foi feita por Ivalina Tcheya directora em exercício da família e promoção da mulher.
“No primeiro semestre tivemos 97 casos registados e destes foram resolvidos 64 no primeiro semestre mas, até agora que falo são 138 casos registados e dentre estes, mais de 20 foram transferidos para a PGR”, disse.
Tcheya afirmou haver muitos casos em que “as pessoas veem, denunciam mas, depois não confirmam a queixa".
“Algumas famílias quando sabem que o parente foi notificado vão contra a senhora e a senhora é obrigada retirar o caso para não sofrer pressão”, revelou.
Ivalina Tcheya destacou, por outro lado, casos de violência doméstica graves contra menores e adolescentes e que se consubstanciam em abusos sexuais, violações, ofensas corporais e fuga à paternidade.