A viagem da princesa Diana, da Inglaterra, a Angola em 1997 foi classificada em Angola como um “imenso sucesso” que “encantou” as autoridades de Luanda apesar de uma intensa controvérsia política no Reino Unido sobre a visita, revelam mensagens do então embaixador britânico em Luanda, Rogert Hart, agora publicadas.
As mensagens, até agora mantidas em segredo e oficialmente tornadas públicas pelo Arquivo Nacional, indicam que o intenso debate em Inglaterra sobre a visita não teve nenhum impacto em Angola, onde, segundo informou o embaixador aos seu ssuperiores na altura, os orgãos de informação angolanos nada publicaram sobre a questão.
A princesa Diana provocou um intenso debate no Reino Unido quando caminhou por um campo acabado de desminar como parte de uma campanha para se ilegalizar o uso de minas ao redor do mundo levada a cabo pela Cruz Vermelha Internacional.
Muitos orgãos de informação britânicos, na altura, viram a visita de Diana como parte de um conflito com a raínha Isabel II, de cujo filho, Carlos, ela havia se separado cinco antes.
Isto porque a campanha de Diana era apoiada pelo Partido Trabalhista, na oposição, enquanto o Governo do Partido Conservador, nomeado pela Raínha, mantinha a posição de que a Grã Bretanha só deveria apoiar a proibição das minas depois de todos os outros governos anunciarem a intenção de o fazerem.
“O furor na imprensa britânica sobre aparentes diferenças entre o ponto de vista da Cruz Vermelha sobre minas terrestres e o Governo teve pouco impacto local na visita. A questão não foi abordada pelos meios de informação angolanos”, escreveu o embaixador ao Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico.
Hart acrescentou ainda que as autoridades angolanas ficaram “encantadas com o facto de a princesa ter efectuado a viagem, possívelmente a primeira de sempre ao seu país de um membro da nossa família real”.
Angola na agenda mundial
“Num momento crítico do processo de paz, a visita trouxe de volta o país para o mapa internacional e chamou a atenção mundial para os males infigidos pelas minas e o enorme sofirmento humano que causam”, acrescentou o embaixador, quem disse ainda que a Cruz Vermelha e a própria princesa “ficaram agradecidas pela visita”.
A visita de Diana foi notícia ao redor do mundo e cerca de 12 meses depois a ONU aprovou uma proibição internacional ao uso de minas.
Na sua mensagem, o embaixador Hart tentou também justificar com antecipação as declarações que fez a uma jornalista “agressiva”, sem revelar, contudo, o que lhe disse.
“Fui apanhado à porta por uma correspondente agressiva da BBC, Jennie Bond, e não tive outra opção senão dar-lhe algumas palavras de improviso”, escreveu o embaixador sem dar outros pormenores.