O dilema da reintegração social de ex-militares, com milhares de desmobilizados em protestos por falta de espaço na Caixa de Protecção das Forças Armadas Angolanas (FAA), juntou o Presidente da República, João Lourenço, e o líder da UNITA, Isaías Samakuva, que manifestou preocupação face à estagnação do processo.
O teor da conversa está a ser transmitido aos homens do extinto braço militar do “galo negro’’, numa altura em que se sugere um quarto ramo para as Forças Armadas, tal como defendeu um dia o fundador do segundo maior partido, Jonas Savimbi.
O partido de Isaías Samakuva vê na Caixa Social das Forças Armadas a solução para a reintegração, mas o Governo diz que só oficiais recebem pensões de reforma, pelo que sargentos e soldados deverão ser incluídos em projectos sociais e económicos.
Com os protestos de desmobilizados afectos ao MPLA na ordem do dia, o deputado Alberto Ngalanela, secretário da UNITA na província de Benguela, refere, no rescaldo deste encontro, que o processo está a gerar muitos equívocos.
“O Presidente João Lourenço diz que o processo deve ser concluído, mas está parado, completamente. Ainda há muitos sem cédulas, depois haverá prova de vida. Para já, muitas viúvas não estão a receber qualquer tipo de pensão, por isso estamos a lutar’’, sublinha o parlamentar.
Atento a esta e outras questões da vida de um país que diz não existir, o analista José Cabral Sande salienta que um quatro ramo para as Forças Armadas pode contribuir para a reconstrução nacional
“Se não é possível, que se crie o quatro ramo das FAA. Savimbi, ao colocar essa hipótese sobre a mesa, muitos riram-se. É altura, já que as pessoas normais não estão a resolver problemas. Temos oficiais médicos, professores, carpinteiros e pedreiros, que podem ajudar a reconstruir este país”, defendeu Sande.
Exército, Marinha de Guerra e Força Aérea são os três ramos existentes.