Links de Acesso

Terror na Lunda Norte


Foto de arquivo
Foto de arquivo

Cidadãos queixam-se de assassinatos e de alegada cumplicidade das autoridades na onda de crimes e PGR pede casos precisos

O terror grassa certas zonas daprovíncia angolana da Lunda Norte onde criminosos que traficam orgãos humanos ou envolvidos no negócio ilegal de diamantes matam cidadãos perante a impassividade, senão mesmo a cumplicidade, da polícia que efectua detenções ilegais de queixosos e liberta os alegados criminosos, dizem cidadãos e organizações da sociedade civil.

As autoridades negam as acusações de organizações da sociedade civil e ativistas.

Terror na Lunda Norte - 4:16
please wait

No media source currently available

0:00 0:04:16 0:00

Salvador Xavier, que constatou diversos atos de agressão, detenções ilegais e assassinatos, conta que, ainda nesta semana, uma mulher foi assassinada após ter sido torturada.

“A senhora vivia aqui, foi à lavra, e pronto, os bandidos mataram-na. Eles arrancam órgãos genitais, torturam, depois há até vestígios de violações. Primeiro violam, depois arrancam os órgãos genitais”, afirma Xavier, para quem há agressões e detenções ilegais nas quais a Polícia Nacional tem sido conivente.

Foto de arquivo de uma anterior manfiestação de mulheres da Lunda Norte de protesto contra onda de assassinados por traficantes de orgãos humanos
Foto de arquivo de uma anterior manfiestação de mulheres da Lunda Norte de protesto contra onda de assassinados por traficantes de orgãos humanos

Outro residente, Carlos Luís Manuel, descreve as dificuldades enfrentadas pelos cidadãos naquelas terras ricas em diamantes.

“Houve momentos nos quais a polícia era conivente dessa situação, por exemplo, se se identifica quem é o autor a polícia prende, mas depois de dois dias, três dias, soltam”, conta.

A Voz da América contactou Mateus Rodrigues, porta-voz da Polícia Nacional, que não deu qualquer esclarecimento.

O papel da Procuradoria Geral da República

Guilherme Neves, presidente da Associação Mãos Livres, explica que a falta de responsabilização dos agentes que violam os direitos humanos nas Lundas deve-se à passividade dos procuradores locais, muitos dos quais estão envolvidos em negociatas no terreno.

“A grande questão é que tudo é negócio, todos querem ganhar, mesmo prejudicando as comunidades locais. E já não há interesse como tal de resolver aquilo que são os problemas reais da comunidade", afirma Neves.

Aquele líder associativo acentua que "o que vale mais é o lucro, ainda que tiverem que atropelar alguém e agora o que temos que fazer é,passar para ações de responsabilização criminal”.

Guilherme Neves alerta, no entanto, para o facto de haver uma entidade que deve atuar, a Procuradoria Geral da República (PGR).

A sociedade civil limita-se a fazer a denúnciam mas a PGR "é responsável, devia acionar os seus mecanismos".

A Voz da América contactou Álvaro João, porta-voz da PGR, que, sem gravar entrevista, pediu que os denunciantes apresentem casos específicos para que a instituição possa agir em conformidade.

Num comunicado divulgado nesta terça-feira, 8, a Associação Mãos Livres manifestou a sua “indignação com a contínua perseguição de ativistas dos direitos humanos na região leste “de Angola por “denunciarem más práticas de governação, corrupção e tráfico ilícito de diamantes” e pede ao Presidente da República para tomar medidas.

Este posicionamento, segundo a organização, surge na sequência das perseguições e ameaças de morte feitas pelas “autoridades locais ao ativista de direitos humanos Jorden Muacambinza por ter denunciado a reabertura de casas de compra e vendas de diamantes na vila de Cafunfo, no município do Cuango, província da Lunda Norte”.

Fórum

XS
SM
MD
LG