O líder do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, já foi libertado e promete continuar a lutar pela autonomia daquela região por meios pacíficos.
O activista tinha sido condenado ,o ano passado a uma pena de quatro anos de prisão, na sequência de graves confrontos na vila do Cafunfo, na Lunda Norte, em Janeiro de 2021, mas um tribunal ordenou recentemente a sua libertação ao abrigo de uma amnistia governamental.
"Eu me sinto muito mais forte para continuar a batalha da autonomia dos povos da Lunda”, diz Zecamutchima à VOA, para quem “não vale a pena ter medo”.
“Nós lutamos para acabar com a miséria do povo, 47 anos é muito”, afirma o activista, acrescentando ainda que “eu não quero ser rico, só quero ver o bem de uma criança a nascer no paraíso de um país que se chama Angola".
Zecamutchima assegura que o diálogo vai continuar a ser o instrumento privilegiado da sua luta e que "depois da nossa cadeia, agora a bola está do lado do Governo para dialogar nós vamos continuar".
"Hoje todos correm para Angola, norte-americanos, franceses, israelitas, todos correm para aqui porque encontram o melhor aqui, e esse melhor não beneficia o próprio dono da terra", conclui.
Os confrontos de Janeiro de 2021
Dois anos depois dos confrontos no Cafunfo, continua incerto o número de mortos nos confrontos de 30 de Janeiro, mas agora o Observatório para Coesão Social e Justiça e o grupo parlamentar da UNITA falam num balanço de perto de 150 pessoas mortas, para além de outras desaparecidas, sem se saber se estão vivas ou mortas.
Do balanço efectuado pela UNITA no local, palamentares apontam para mais de 100 pessoas assassinadas em Cafunfo, um número que, de acordo com Laura Macedo do Observatório para Coesão Social e Justiça, pode aumentar devido a pessoas até hoje desaparecidas.
"Pelos números nós íamos à volta de 150 pessoas assassinadas em Cafunfo mas haverá mais....porque aquilo foram mortes em cadeia, pegavam num individuo depois vinha a familia refilar e eles matavam os familiares também para se calarem”, disse.
“Eu estive em Cafunfo agora e aquilo está pior de quando eu tinha sete anos, e eu tenho 60 anos”, acrescentou Macedo.
O grupo parlamentar da UNITA tem estado a trabalhar no terreno e o deputado Olívio Kilumbo diz que.o "Cafunfo demonstra incompetência e má governação, uma zona com varias riquezas naturais mas não se consegue partilhar".
O parlamentar aponta o dedo igualmente à comunidade internacional, sobretudo o Ocidente, pela situação que ocorre em Angola.
"Veja que no mesmo ano que acontece em Cafunfo aqueles assassinatos aconteceu também no Tigray, na Etiópia e na Somalia, sobre estes países houve a mão pesada da comunidade internacional, mas para o caso de Cafunfo nada houve, fecharam os olhos, legitimando o regime, e estou a falar do ocidente", afirmou Kilumbo.
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