As autoridades de educação da Serra Leoa criaram, em Outubro do ano passado, as primeiras turmas para as meninas grávidas, uma tentativa de lidar com a subida da violência sexual e gravidezes na adolescência.
Antes, as meninas grávidas eram totalmente impedidas de estudar.
Issa, 17 anos de idade, é uma dos milhares de meninas que estudam nessas turmas alternativas no país. Ela é mãe de uma menina de sete meses, que fica em casa ao cuidado dos avos, em Freetown, a capital.
Ela prefere as turmas, porque as meninas grávidas ficam com vergonha de ir a escola. E sentiu isso na pele.
Há relatos de que as turmas alternativas estão a ter sucesso.
Em todo o país, 11 mil meninas foram estão nessas turmas, disse Olive Musa, chefe de ensino não formal no Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia.
Mussa explicou que inicialmente as turmas eram para as meninas grávidas no pico da epidemia da Ébola, mas outras mostraram-se interessadas e tiveram a permissão.
Mas nem todos concordam com o conceito.
A organização Amnistia Internacional critica o facto de às estudantes com gravidezes visíveis não ser permitido fazer exame em turmas normais. Não havendo alternativa, são simplesmente excluídas da avaliação.
Esta organização diz que o governo deverá garantir o direito das meninas à educação, e tal implica defender a sua continuidade em escolas e turmas normais e fazer exames com os outros estudantes.
Por outro lado, diz que currículo usado nas turmas alterativas deverá ser de qualidade.
Mas Musa defende que as atitudes não poderão mudar de um dia para o outro. Argumenta que poderá não ser moralmente certo aceitar meninas visivelmente grávidas numa sala de exames, mesmo que isso seja normal nas universidades, “mas quando pequenas isso poderá arrepiar”.
Ela acrescenta que o governo está a estudar formas de reduzir gravidezes entre as estudantes: “É por isso que devemos intensificar o planeamento familiar, programas de saúde sexual e reprodutiva para elas aprenderem sobre a prevenção”.
De momento, a única opção é ter turmas alternativas, diz Musa.
E Elizabeth Issa, que quer trabalhar na área bancária e acha que está a estudar bem, admite que algumas das suas colegas gostariam de estar em turmas normas, mesmo estando grávidas.