A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) apresentou as "condolências ao Governo e ao povo de Moçambique pelas vidas perdidas durante a violência pós-eleitoral" e reafirmou o seu compromisso de trabalhar com o país para garantir a paz, segurança e estabilidade.
Este posicionamento foi tomado numa cimeira de Chefes de Estado e de Governo realizada em Harare, Zimbabwe, nesta quarta-feira, 20, e na qual compareceram apenas quatro Presidentes dos 16 Estados da SADC.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi esteve presente, mas João Lourenço, de Angola, e que é mediador do conflito na República Democrática do Congo, um dos temas da cimeira, não se deslocou a Harare.
Os demais 12 países enviaram delegações ministeriais.
"A Cimeira recebeu uma atualização da República de Moçambique sobre a situação política e de segurança pós-eleitoral no país e reafirmou o seu compromisso inabalável de trabalhar com a República de Moçambique na garantia da paz, segurança e estabilidade através das estruturas relevantes do órgão da SADC em política, defesa e cooperação em matéria de segurança", afirmou o secretário executivo da SADC no final da reuniao.
Elias Magosi acrescentou que a "Cimeira apresentou as condolências ao Governo e ao povo da República de Moçambique pelas vidas perdidas durante a violência pós-eleitoral”.
No seu discurso de encerramento da reunião, de oito minutos, o Presidente do Zimbabwe e em exercício da SADC, não falou sobre a situação em Moçambique.
Emmerson Mnangagwa abordou a RDC.
Entretanto, o secretário executivo da SADC, Elias Magosi, foi citado no portal do jornal zimbabweano Sunday Mail como tendo dito que não era "previsível a deterioração do processo eleitoral" em Moçambique.
"Não esperávamos que o processo eleitoral pudesse deteriorar-se ao ponto de provocar conflitos graves, perturbações da atividade económica, ameaças à vida de pessoas e mesmo a perda de vidas, bem como danos materiais e infraestruturas", disse Magosi, na abertura dos trabalhos e durante a qual apelou "a todos aqueles que se sentem prejudicados com o processo eleitoral para que sigam estes procedimentos legais (da SADC) e garantam a segurança dos cidadãos e a estabilidade do país".
Pedido de Nyusi a candidatos sem consequências
Entretanto, em Maputo, teve início hoje o primeiro dos três dias "de luto pelos heróis" caídos durante os protestos convocados pelo candidato presidencial Venàncio Mondlane contra o que chama de "fraude eleitoral", com as pessoas trajadas de preto e os carros a protagonizaram buzinões, especialmente em Maputo.
Na terça-feira, o Presidente da República convocou os quatro candidatos presidencias para um diálogo, sem indicar a data ou qualquer iniciativa no sentido de os contactar pessoalmente, segundo Nyusi, para discutir a situação no país.
A Renamo, por via do seu porta-voz, Marcial Macome, disse que não recebeu qualquer convite formal do Chefe de Estado e não sabe qual é a agenda desse encontro, mas esclareceu que o partido só participará numa eventual reunião depois de o Conselho Constitucional decidir pela anulação das eleições, “e daí pensar-se num modelo de Governo de gestão do país’’.
Por seu lado, o presidente do Podemos, Albino Forquilha, que apoiou a campanha de Mondlane, afirmou que não vê matéria para o encontro pedido pelo Presidente Filipe Nyusi com os quatro candidatos presidenciais para travar as manifestações contra o processo eleitoral.
“Nós defendemos a recontagem transparente dos votos”, reafirmou Forquilha.
O Conselho Constitucional tem até o dia 5 de dezembro para dar o seu veredito final, confirmando os resultados apresentados pelo Conselho Nacional das Eleições, que deram vitória à Frelimo nas três eleições, ou aceitando os recursos de Mondlane que pedem a recontagem dos votos.
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