Em Moçambique, alguns analistas consideram que vai ser uma tarefa difícil recolher as armas em mãos alheias, porque muitas delas são fornecidas a criminosos por agentes da polícia desonestos, em troca de elevadas somas de dinheiro.
O antigo comandante da polícia ao nível da cidade de Maputo, e actual comandante-geral da corporação, Bernardino Rafael, citado por alguma imprensa moçambicana, disse pretender recolher as armas em mãos não autorizadas, como parte dos esforços para combater a criminalidade no país.
Não há qualquer informação fiável sobre o número de armas que circulam ilegalmente no país, algumas das quais são usadas em actos criminais sobretudo nos centros urbanos.
O sociólogo Francisco Matsinhe, citando dados do ministério do Interior, diz que o efectivo policial moçambicano é de cerca de 25 mil homens, e entre esses há agentes desonestos e corruptos, que fornecem armas a criminosos.
Afirmou haver muitas armas em mãos alheias, sublinhando que "para além das que são fornecidas por agentes da polícia, existem outras que vêm das Forças Armadas de Defesa de Moçambique-FADM, e neste caso estamos a falar de armas de guerra, como as AKM".
Matsinhe referiu ainda que os recentes incidentes violentos em Mocímboa da Praia, na província nortenha moçambicana de Cabo Delgado, "traduzem a facilidade com que circulam as armas em Moçambique.
"Onde é que aqueles 30 homens foram buscar as armas; todos eles tinham fardamento novo, onde é que foram buscar isso?, interrogou-se o sociólogo.
Por seu turno, o analista Tomás Mavunja, considera que "o à vontade com que alguns agentes policiais se relacionam com criminosos, chegando ao ponto de lhes fornecer armas, é por saberem que nada lhes vai acontecer".