O exército e polícia na Nigéria lançaram operações contra o grupo extremista islâmico Boko Haram, responsável por um atentado bombista em Abuja, na semana passada. Mas, longe de intimidado, numa entrevista à VOA, um elemento do grupo faz novas ameaças.
Antes confinado ao nordeste do país, o Boko Haram constitui agora uma ameaça em todo o território nigeriano. O atentado de Abuja teve um impacto superior ao evento em si, porque foi o primeiro atentado suicida na história da Nigéria.
A explosão no parque de estacionamento de uma esquadra da polícia, matou duas pessoas, feriu imensas, destruiu 30 carros e danificou muitos outros.
O ataque aconteceu horas depois de o chefe da polícia nacional ter dito que o grupo extremista islâmico Boko Haram tinha os dias contados e fez ruir qualquer hipótese de diálogo com o governo. Usman Al-Zawahiri,entrevistado por Anne Look, da VOA, deixou um aviso.
"Vamos atacar em todo o Norte e noutras partes do país e na capital, Abuja", disse, prosseguindo: "Temos pessoas acabadas de chegar da Somália que espalhamos pelo Norte e por isso os nigerianos devem preparar-se".
O antigo embaixador americano na Nigéria, John Campbell, diz que apesar das ligações à Somália, o Boko Haram é essencialmente um fenómeno interno, a dar um sinal preocupante, ainda que não inesperado, de crescimento.
"O Boko Haram está a passar por uma metamorfose de uma seita marginal islâmica muito violenta, para se tornar um movimento insurrecto com algum apoio popular que agora demonstrou poder actuar em todo o país", sublinhou o antigo diplomata.
Em 2009 o Boko Haram foi quase esmagado militarmente após uma breve rebelião. E desde então é acusado pelas autoridades de atentados no norte, sobretudo contra alvos policiais.
O Boko Haram, que na língua hausa significa “a educação ocidental é pecado”, pretende instituir um estado religioso islâmico na Nigéria. Mas Lateef Adegbite, do Conselho Islâmico nigeriano diz que a motivação dos seus apoiantes é mais económica do que religiosa.
"Usem incentivos para os atrair, dêem-lhes empregos e capacidade económica… aos que estão disponíveis para abraçar paz. Aqueles que não querem a paz devem ser punidos e afastados para os moderados tomarem conta da situação”.
O embaixador Campbell acrescenta, a este respeito, que a rebelião reflecte uma grande alienação do Norte em relação ao governo central. E diz que o presidente Goodluck Jonathan precisa de actuar rapidamente para conquistar a simpatia das populações do Norte e por termo à violência. E, mais importante ainda, resolver os problemas que lhe deram origem.