O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, recorreu na quarta-feira à noite à rede social X para alegar que o Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, que tinha contactado o líder da África Oriental no início desta semana para mediar a conflito na RDC, estava a espalhar “mentiras” sobre o papel de Kigali nos combates em Goma.
Kagame disse que falou com Ramaphosa duas vezes esta semana.
“O que foi dito sobre estas conversas nos meios de comunicação social por parte das autoridades sul-africanas e pelo próprio Presidente Ramaphosa contém muita distorção, ataques deliberados e até mentiras”, disse o Presidente ruandês.
Kagame passou a emitir vários esclarecimentos sobre uma declaração divulgada por Ramaphosa no X, onde se referia ao exército do Ruanda como uma milícia.
“Se a África do Sul quiser contribuir para soluções pacíficas, isso é muito bom, mas a África do Sul não está em condições de assumir o papel de pacificadora ou mediadora”, disse Kagame, acrescentando: “E se a África do Sul preferir o confronto, o Ruanda irá tratar do assunto nesse contexto a qualquer momento.”
A publicação de Kagame foi em resposta à de Ramaphosa no X. O Presidente sul-africano estava a anunciar a morte de 13 soldados sul-africanos enquanto servia como parte da missão da Comunidade de Desenvolvimento da África do Sul focada em trazer a paz ao leste da RDC.
Ramaphosa disse que a África do Sul acolheu com satisfação uma directiva do Conselho de Segurança das Nações Unidas que apela a um cessar-fogo e à “reversão da expansão territorial no leste da RDC pelo M23”, acrescentando que “a integridade territorial da RDC deve ser respeitada”.
Os desentendimentos entre os dois líderes surgiram depois de o Presidente da RDC, Felix Tshisekedi, ter discursado à nação e dito que Kinshasa iria recuperar o território perdido dos rebeldes do M23.
Tshisekedi reiterou as alegações do seu governo de que o Ruanda está a apoiar a agressão do M23 no seu país e alertou que "a presença de milhares de soldados ruandeses no nosso solo... (está a conduzir) a uma escalada com consequências imprevisíveis".
Kagame afirma que o Ruanda não apoia o M23.
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