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ONU anuncia reforma interna para responder a restrições financeiras


António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, discursa no evento de comemoração do Dia Internacional da Mulher no Salão da Assembleia Geral da ONU, a 7 de março de 2025, em Nova Iorque. Fotografia de arquivo
António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, discursa no evento de comemoração do Dia Internacional da Mulher no Salão da Assembleia Geral da ONU, a 7 de março de 2025, em Nova Iorque. Fotografia de arquivo

O Secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, anunciou um plano de reforma para responder à escassez financeira da organização, quarta-feira, 12.

"Os recursos estão a diminuir de forma generalizada - e já há muito tempo. Por exemplo, pelo menos nos últimos sete anos, as Nações Unidas têm enfrentado uma crise de liquidez porque nem todos os Estados-Membros pagam na totalidade e muitos também não pagam a tempo.", declarou Guterres aos jornalistas, em Nova Iorque.

Ao lançar a iniciativa UN80, que coincide com os 80 anos da ONU, Guterres informou ter nomeado uma task force interna "dedicada", com o objetivo de encontrar formas de poupar dinheiro e aumentar a eficiência em vários domínios, lembrando que auditorias internas são comuns no órgão.

Isto aplica-se, em primeiro lugar, ao funcionamento do próprio secretariado da ONU, que no final de 2023 empregava mais de 35 000 pessoas. As contratações encontram-se congeladas.

Mas o esforço de eficiência também se aplicará a áreas em que só os Estados-Membros podem mudar as coisas. A nova iniciativa funcionará através de uma “análise exaustiva da execução de todos os mandatos” atribuídos ao longo de décadas de resoluções da Assembleia Geral, em busca de sobreposições ou outros desperdícios.

"Isto vai muito para além do aspeto técnico. Os orçamentos das Nações Unidas não são apenas números numa folha de balanço - são uma questão de vida ou de morte para milhões de pessoas em todo o mundo", sublinhou o Secretário-geral.

Guterres disse que o organismo mundial também precisa de “uma revisão estratégica das mudanças mais profundas e estruturais e do realinhamento de programas no sistema das Nações Unidas”.

Frisando a relevância do organismo no mundo de hoje, António Guterres ressalvou a meta primordial da iniciativa: “A necessidade é grande e o objetivo é claro: uma Organização das Nações Unidas ainda mais forte e mais eficaz, que seja útil para as pessoas e esteja sintonizada com o século XXI.”

Circunstâncias atuais instigaram a iniciativa

De acordo com a ONU, até 11 de março, apenas 75 dos 193 Estados-Membros "pagaram integralmente as suas contribuições para o orçamento de 3,72 mil milhões de dólares para 2025" da organização. Em 2024, 152 nações pagaram a sua quota-parte na totalidade.

Os Estados Unidos, por exemplo, que são o maior contribuinte das Nações Unidas - a sua quota é de 22% do orçamento regular - tinham, em finais de janeiro, acumulado pagamentos em atraso no valor de 1,5 mil milhões de dólares, disse um porta-voz da ONU.

E em 2024, a China, o segundo maior contribuinte com uma quota de 20%, não pagou as suas quotas até ao final de dezembro.

A situação foi agravada pelas políticas do Presidente dos EUA, Donald Trump, que conduziram a cortes severos no sector humanitário. Permanece ainda o receio de que Trump diminua a contribuição dos EUA para o orçamento da ONU, à semelhança do fez durante o seu primeiro mandato.

Apesar de rejeitar que a reforma seja fruto da pressão norte-americana, um funcionário da ONU disse à AFP que “as circunstâncias actuais acrescentam um grau de emergência ao processo”, rejeitando qualquer comparação com a brutal redução de custos e de pessoal conduzida pelo conselheiro bilionário de Trump, Elon Musk.

Com AFP

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