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Secretário-geral da ONU alerta que cortes na ajuda externa dos EUA terão consequências devastadoras no mundo


O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, discursa na abertura da 58.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, a 24 de fevereiro de 2025.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, discursa na abertura da 58.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, a 24 de fevereiro de 2025.

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, disse na sexta-feira, 28, que estava profundamente preocupado com os cortes severos na ajuda externa dos EUA, numa forte repreensão à medida que, segundo Guterres, seria “especialmente devastadora” para as pessoas vulneráveis do mundo.

António Guterres agradeceu aos EUA “o papel de liderança” que o país tem desempenhado ao longo de décadas na prestação de ajuda externa, mas lançou o aviso: as consequências do fim da ajuda serão especialmente devastadoras, sobretudo "para as pessoas vulneráveis em todo o mundo”.

“A concretização destes cortes tornará o mundo menos saudável, menos seguro e menos próspero. A redução do papel e da influência humanitária dos Estados Unidos vai contra os interesses americanos a nível global”, disse Guterres numa declaração aos jornalistas na ONU.

A administração do presidente dos EUA, Donald Trump, disse esta semana que estava a cortar drasticamente a ajuda externa depois de ter interrompido a assistência para realizar uma revisão para garantir que os projectos estavam alinhados com a política “America First” de Trump.

Guterres disse que os programas no Sudão do Sul que apoiam os que fugiram do conflito no Sudão ficaram sem financiamento, deixando as zonas fronteiriças perigosamente sobrelotadas.

O Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime será forçado a interromper muitos dos seus programas de combate aos estupefacientes, incluindo um que luta contra a crise do fentanil, e a reduzir drasticamente as actividades contra o tráfico de seres humanos, disse.

O financiamento de programas de combate ao VIH/SIDA, à tuberculose, à malária e outros programas foi interrompido, acrescentou Guterres. Os cortes já se fizeram sentir na Ucrânia, onde a ajuda em dinheiro que apoiava um milhão de pessoas em 2024 foi suspensa, avança a ONU.

“Só posso esperar que estas decisões possam ser revertidas com base em revisões mais cuidadosas, e o mesmo se aplica a outros países que anunciaram recentemente reduções na ajuda humanitária e ao desenvolvimento”, disse o Secretário-Geral.

Entretanto, Guterres afirmou que todas as agências da ONU estão prontas a fornecer informações e justificações para os seus projectos e continuar a trabalhar com os EUA, acrescentando que a ONU fará tudo o que estiver ao seu alcance para fornecer ajuda vital aos necessitados.

A Grã-Bretanha anunciou esta semana que iria reduzir o seu orçamento para a ajuda internacional para aumentar as despesas com a defesa, o que levou as organizações humanitárias a alertarem para o facto de esta medida prejudicar a influência do Reino Unido e ter um impacto devastador nas pessoas que apoiam.

Trump lançou a comunidade internacional de desenvolvimento no caos depois de assumir o cargo em janeiro, quando ordenou uma pausa de 90 dias em toda a ajuda externa para realizar uma avaliação abrangente para garantir que todos os projectos financiados com o dinheiro dos contribuintes dos EUA estavam alinhados com a sua política “America First”.

Na quarta-feira, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que a USAID avaliou 6.200 prémios plurianuais e decidiu eliminar cerca de 5.800 deles no valor de 54 mil milhões de dólares, uma redução de 92%. A administração também cortou cerca de 30% dos subsídios relacionados com a ajuda externa do Departamento de Estado, num total de 4,4 mil milhões de dólares.

Com Reuters

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