A Administração Trump cancelou um programa de ajuda à eletrificação de África que inclui programas no Corredor do Lobito, em Angola.
A decisão ocorre numa altura em que se previa uma reunião de alto nível em Washington sobre a parceria energética entre os Estados Unidos e África e na qual o secretário americano para a Energia foi anunciado como o principal orador.
“Power Africa”, lançado durante o Governo de Barack Obama e que funcionava sob a alçada da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), pelo menos, por agora, foi desmantelado.
O programa tinha como objetivo adicionar 30 gigawatts de capacidade de produção de electricidade mais limpa e fazer 60 milhões de ligações a residências e empresas.
A agência de notícias Bloomberg, citando “fontes familiarizadas com o assunto” disse que quase todos os programas da Power Africa foram listados para extinção e a maioria do seu pessoal foi despedido.
Alguns programas restantes, especialmente aqueles que visam conectar projetos com empresas dos Estados Unidos, poderão ser mantidos sob a gestão de outras agências americanas, disseram as mesmas fontes.
Por outro lado, a agência SEMAFOR disse que a “Power Africa” tinha também programas “para apoiar o desenvolvimento económico adjacente ao Corredor do Lobito e noutros importantes projetos estratégicos de infraestruturas”.
Os programas da "Power Africa" no Corredor
A agência não deu outros pormenores mas a Voz da América sabe que a empresa americana Sun Africa estava a receber apoio da “Power Africa” para um projeto que visa ligar um milhão de angolanos a sistemas de eletricidade limpa.
A segunda fase do projeto incluía 320 megawatts adicionais de sistemas de mini-redes distribuídas em quatro províncias do sul, juntamente com projetos de água potável.
Através do programa Empower Southern Africa da USAID, no âmbito da “Power Africa”, os Estados Unidos planeavam estabelecer uma parceria formal com a Empresa Nacional de Transmissão de Angola para construir importantes linhas de transmissão nacionais e transfronteiriças visando ajudar a integrar Angola nos Grupos de Energia da África Austral e Central e a fornecer electricidade ao Corredor Trans-Africano do Lobito.
A USAID estava também a lançar uma nova doação de 1,5 milhões de dólares do Power Africa Opportunity Fund para fornecer equipamento de irrigação e refrigeração alimentada por energia solar para apoiar as comunidades agrícolas ao longo do Corredor.
Um porta voz do Departamento de Estado citado pela Bloomberg disse que “cada programa está a ser revisto com o objetivo de reestruturar a assistência para servir os interesses dos Estados Unidos” e acrescentou que “os programas que servem os interesses da nossa nação continuarão enquanto aqueles que não estão alinhados com o nosso interesse nacional não irão continuar”.
Cimeira de energia em perigo
A suspensão do programa “Power Africa” surge a poucos dias da realização aqui em Washington de uma reunião de alto nível “Empowering Africa”, organizada pelo companhia Sun Africa e em que o principal orador seria o secretário de Energia, Chris Wright.
Um porta voz da Sun Africa disse à Voz da América estarem a ser “feitas diligências para confirmar se a cimeira vai-se realizar”.
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