Presos na Cadeia Provincial de Nampula amotinaram-se, neste domingo, em protesto contra as condições de reclusão, provocadas pelo mau saneamento do meio no interior da cadeia, a sobrelotação das celas, a proibição da entrada de comida vinda por parte dos familiares e torturas praticadas por guardas prisionais.
Na ocasião, os agentes da guarda prisional afectos àquela unidade de reclusão foram obrigados a disparar várias tiros para o ar, mas o ânimo dos reclusos continuava agitado.
Entretanto, a direcção da cadeia acabou solicitando a presença da Força de Intervenção Rápida que, ao chegar ao local, disparou granadas de gás lacrimogéneo para as celas, facto que criou grande agitação por parte dos familiares dos reclusos que, na manhã deste domingo, se dirigiu a Cadeia Provincial, a fim de entregar o pequeno-almoço, que foi rejeitado.
A VOA soube no local que a cela 5 ficou fatalmente danificada, daí que os reclusos desta cela e outros reclusos considerados agitadores (das celas 1,2 e 4) foram transferidos para a cadeia feminina e para a penitenciária industrial, ambas localizadas algures da cidade de Nampula.
Durante as transferências, feitas em condições precárias, através do recurso a um camião de caixa aberta, os reclusos iam de tal maneira maltratados que os parentes não contiveram as lágrimas.
A VOA entrevistou alguns familiares dos reclusos, que consideraram de lamentável a situação. Segundo os nossos entrevistados, a confusão havida no Domingo último veio confirmar o quanto a justiça moçambicana desrespeita os direitos humanos.
A nossa reportagem, conversou, igualmente, com esposas de alguns funcionários públicos, detidos ano passado, indiciados de desvios de fundos do Estado nas demais instituições governamentais da Província de Nampula. Elas questionam-se porque é que “o tipo de prisão preventiva que vai até mais que um ano? Que tipo justiça está em implementação em Moçambique”.
Fizemos tentativas para ouvir o director da Cadeia Provincial de Nampula sobre o incidente, mas este declinou falar, alegando não ter autorização.
