O activista dos direitos humanos angolano Rafael Marques vai estar presente na Procuradoria esta Quarta-feira.
O activista foi notificado a comparecer para prestar declarações, no âmbito das investigações que o ministério Público leva a cabo na sequência da queixa-crime por ele mesmo apresentada no ano passado sobre crimes cometidos na exploração de diamantes
Desde há uma semana que o Departamento de Investigação e Acção Penal da PGR está a ouvir as testemunhas das vítimas de torturas que constam dos documentos que sustentam a participação de Rafael Marques.
São dez pessoas das Lundas que se predispuseram a falar. Quatro delas já estiveram em Luanda e foram ouvidas, restando seis, cuja chegada, em parte fica condicionada á disponibilidade de recursos financeiros.
O documento queixa-crime apresentado em Novembro do ano passado tem nomes de nove Generais das FAA, quatro dos quais no activo que são arrolados como sócios de empresas de exploração de diamantes. Trata-se de Hélder Vieira dias Júnior “Kopelipa”, actual ministro de Estado e chefe da Casa Militar; Carlos Alberto Hendrick Vaal da Silva, Inspector-Geral do Estado Maior e Adriano Makavela, Chefe da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino das FAA.
Outros destacados nomes são de dois Generais na reserva, nomeadamente França Ndalu e Paulo Barreto Lara, ambos sócios da Teleservice, uma sociedade de Telecomunicações, Segurança e Serviços contratada pela SMC- Sociedade Mineira de Catoca, apresentada na queixa como executora dos actos de tortura que levaram a morte de dezenas de pessoas.
Sobre os Generais no activo, pode ler-se no documento a que a Voz da América teve acesso que aquelas entidades " têm usado o seu poder institucional para dar cobertura, por acção ou omissão, ao poder arbitrário que a Sociedade Mineira do Cuango exerce na região”.
Desde 2004 que Rafael Marques procede a pesquisa e monitoria sobre a violação sistemática dos direitos humanos e actos de corrupção nas Lundas, lê-se nos fundamentos da queixa.
O título “Diamantes de Sangue” a quarta obra que fez publicar, reflecte segundo o autor, “o regime de corrupção e violência, de arbitrariedade e impunidade” vivida na região.
“Quando se negoceia com a indústria diamantífera Angola” prossegue, “negoceiam-se, de facto, diamantes de sangue” lê-se no preâmbulo.
Rafael Marques vai ser questionado sobre acusações de crimes nas Lundas.