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Multinacionais têm dever moral de ajudar Moçambique, defendem analistas e políticos


Empresas já contribuíram com cerca de um milhão de dólares
Empresas já contribuíram com cerca de um milhão de dólares

As empresas multinacionais que exploram os recursos naturais de Moçambique, nomeadamente no sector de petróleo e gás já canalizaram mais de um milhão de dólares em donativos, para apoiar o país a enfrentar as consequências da passagem do ciclone Idai.

Analistas consideram ser esta uma obrigação moral das empresas que ganham milhões de dólares.

A título de exemplo, o Projecto Mozambique LNG, liderado pela Anadarko, disponibilizou, por 20 dias, a sua aeronave ATR-42, três barcos, rádios de comunicação, para além de ter canalizado 200 mil dólares ao Instituto Nacional de Gestão de Calamidades para apoiar na resposta ao ciclone Idai.

A Eni, através da sua subsidiária Eni Rovuma Basin, contribuiu com 500 mil dólares para os esforços de socorro e a soma será destinada ao apoio alimentar e a primeiros socorros às vítimas do desastre.

A petrolífera norte-americana ExxonMobil anunciou um donativo de 300 mil dólares para organizações de ajuda humanitária no país.

Para o jornalista Egídio Plácido este é uma obrigação moral destas empresas.

"Os megaprojectos em si devem ser vistos como forma de ajudar o desenvolvimento do país em primeiro lugar mas também devem ser vistos na sua função social, pois não é expectável que empresas que anualmente ganham biliões de dólares não ajudem o país quando enfrentem dificuldades extremas como esta”, defende Plácido, que considera ser “uma obrigação mesmo do ponto de vista legal".

A gestão dos apoios é algo que tem merecido críticas por parte de vários sectores da sociedade, incluindo deputados da Assembleia da República.

António Muchanga, deputado da Renamo, pede que “se respeite o sofrimento dos moçambicanos e garantir que ninguém enriqueça à custa do sofrimento do nosso povo à semelhança dos multimilionários que surgiram à custa das dívidas ocultas e outras práticas maldosas de desvios de dinheiro do nosso povo”.

Por seu lado, a parlamentar do MDM fez um apelo ao Governo e Instituto Nacional de Gestão das Calamidades para que "a contribuição em donativos feita por pessoas de boa vontade, comunidade internacional e organizações não governamentais que tudo fazem para aliviar o sofrimento dos afeitados seja célere, transparente e inclusivo e que sejam alocados aos verdadeiros destinatários".

Também sobre este aspecto, Egidio Plácido considera que é "necessário que de facto os bens sejam destinados ao Instituto Nacional de Gestão de Calamidades que, por sua vez, tem que fazer o seu papel, mapear correctamente os locais que precisam de apoio para evitar que dê apoio há quem não precisa e é preciso que haja um pouco de seriedade por parte das pessoas que lá estão".

Recorde-se que o Presidente Filipe Nyusi pediu uma auditoria permanente à ajuda internacional.

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