O Bureau Político do MPLA, partido no poder em Angola, apresentou na noite desta terça-feira, 17, o seu novo Secretariado, mas, das 18 posições, apenas três são ocupadas por novos rostos.
O prometido processo de renovação deixou muitos veteranos na máquina administrativa do partido, enquanto apenas dois membros têm menos de 40 anos de idade.
O congresso do MPLA, concluído nesta terça-feira, 17, foi interpretado por analistas políticos como um evento focado principalmente em ajustes estatutários que visaram favorecer o Presidente João Lourenço.
Há quem também questione os critérios para a ascensão de alguns militantes no aparelho partidário.
Dos 18 membros do Secretariado do Bureau Político do MPLA, apenas três ocupam cargos no órgão pela primeira vez: Mara Regina da Silva Baptista Domingos Quiosa, eleita vice-presidente, Nádia Agostinho Monteiro, secretária para Administração e Finanças, e Justino Fernando de Castro Capapinha, primeiro secretário nacional da JMPLA.
A taxa de renovação é de apenas 16,67%, apesar da anunciada restruturação feita por Joao Lourenço no discurso de abertura do 8º Congresso Extraordinário.
Para o analista político Manuel Cornélio foi adiado o rejuvenescimento das estruturas do MPLA e sustenta que João Lourenço procurou apenas blindar o seu poder para os próximos desafios eleitorais.
“Houve um ajuste da vontade expressa do presidente João Lourenço. Essa vontade foi implementada, portanto, reestruturação como tal, penso que não houve”, afirma aquele analista.
Cornélio diz que foi um congresso vazio de resultados porque "o presidente Lourenço apenas está a procurar criar condições para ampliar o seu poder na eventualidade de vir e continuar como presidente do MPLA após as eleições".
Ele aponta ainda que se se for a fundo, "não há muita coisa para esperar do partido".
Por seu lado, o também analista político Joaquim Jaime tem opinião diferente e lembra que "havia muita expetativa relativamente ao impacto bem maior sobre o rejuvenescimento".
No entanto, afirma, "notou-se que o líder do MPLA decidiu ser cauteloso de modo que o rejuvenescimento não pudesse então significar um rompimento com os veteranos do MPLA, e tal como disse no seu discurso de encerramento da reunião extraordinária do Bureau Político eleito ontem, a ascensão nas estruturas do MPLA tem sido com base numa avaliação positiva, muito assente no mérito dos militantes que foram promovidos recentemente”.
Apesar da mudança do artigo 120 dos estatutos que determina agora que os candidatos a Presidente e vice-presidente da República sejam escolhidos pelo Comité Central, sob proposta do Bureau Político, e da eleição da vice-presidente ter concentrado as atenções dos delegados, eles aprovaram uma norma em que os primeiros secretários dos municípios passarão a ser avaliados a cada dois anos e meio, e afastados caso apresentem maus resultados.
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