Combatentes ligados ao Estado Islâmico que praticam uma insurreição brutal no norte de Moçambique raptaram mais de 600 mulheres e crianças durante os últimos três anos, diz a Human Rights Watch nesta terça-feira, 7.
"Um grupo armado ligado ao Estado Islâmico (ISIS) raptou e escravizou, desde 2018, mais de 600 mulheres e raparigas na província de Cabo Delgado do norte de Moçambique", disse o grupo de direitos num comunicado.
Algumas foram libertadas pelas forças moçambicanas e estrangeiras destacadas este ano para ajudar a reprimir a violência que tem causado estragos na região desde Outubro de 2017.
Mas algumas ainda estão desaparecidas, segundo aquela organização de defesa dos direitos humanos.
Mulheres e raparigas foram raptadas durante ataques a cidades e aldeias pelos militantes conhecidos localmente como Al-Shabab, embora não tenham qualquer ligação conhecida ao grupo com um nome semelhante na Somália.
O grupo força as jovens mulheres e raparigas a "casar" com os seus combatentes "que as escravizam e abusam sexualmente", enquanto algumas foram vendidas a insurgentes estrangeiros por entre 600 e 1.800 dólares, afirma HRW.
"Um número desconhecido de mulheres e raparigas permanece em cativeiro em Moçambique, enfrentando diariamente abusos horríveis, incluindo escravatura e violação por combatentes de Al-Shabab", disse Mausi Segun, director de África da HRW.
A HRW baseou o seu relatório em investigações, incluindo entrevistas com antigas raptadas ou seus familiares, fontes de segurança e funcionários do Governo.
A agitação que assolou a rica região norte de Moçambique rica em gás reclamou pelo menos 3.578 vidas, incluindo 1.575 civis, de acordo com a organização ACLED, sedeada nos Estados Unidos, que tem vindo a seguir os conflitos.
Mais de 800 mil outros foram deslocados, de acordo com o Governo e agências da ONU.
Desde Julho, mais de 3.100 soldados africanos, europeus e norte-americanos foram destacados para a província de Cabo Delgado, a fim de pôr termo à agitação.
(AFP)