Uma guerra de nervos
Há uma guerra de nervos sem quartel entre o governo e a Renamo em Moçambique.
O antigo movimento rebelde diz que vai montar quartéis para acomodar os seus antigos guerrilheiros desmobilizados das forças armadas do governo.Para o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, a desmobilização ou passagem à reserva dos seus antigos guerrilheiros que integraram o exército único logo depois do fim do longo conflito armado é uma violação do Acordo Geral de Paz.
“O Acordo Geral de Paz previa a formação de um exército de 30 mil soldados, sendo 15 mil da Renamo e outros 15 mil do governo da Frelimo. Mas, depois, o presidente Joaquim Chissano recuou alegando que não havia dinheiro e formamos um exército com poucos soldados. De facto, foi um exército professional que demostrou o espírito da unidade nacional, mas, depois do ano 2000, começou-se a desmobilizar os oficiais, até soldados simples!" - disse Dhlakama, que acrescentou: "Chissano desviou dinheiro para formar um exército da Frelimo contra a Renamo, a Força de Intervenção Rápida. Isto é uma violação do Acordo Geral de Paz”- afirma Afonso Dhlakama, alegando que está sendo pressionado pelos antigos guerrilheiros desmobilizados da FADM para montar quartéis.
Afonso Dhlakama desafia o governo,que se mostra nervoso e preocupado com a intenção do antigo líder rebelde de montar quartéis para desmobilizados. Aliás, a sociedade em geral está igualmente preocupada com o discurso da liderança do antigo movimento rebelde.
O Ministro da Defesa Nacional, Filipe Nyusi, considera que o líder da Renamo está equivocado, porque a passagem de militares à reserva é um processo normal em todo o Mundo civilizado e em paz, até porque, em Moçambique, já foi criado um comando para reservistas.
Filipe Nyusi deplora a atitude do líder do principal partido da oposição e revelou que dos 212 membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique que passaram à reserva, nos últimos anos, apenas seis são provenientes das antigas fileiras militares da Renamo.