Moçambique poderá ter benefícios “múltiplos” do gás da bacia do Rovuma mas vai depender de como o Governo administrar os lucros desse empreendimento, diz um relatório da conhecida companhia de consultoria Deloitte.
O documento revela que a descoberta de reservas de gás coloca Moçambique frente a “uma oportunidade extraordinária de investimento em África”.
“Apesar do actual problema da dívida o projectado boom, associado ao desenvolvimento do sector de gás, deverá resultar em benefícios múltiplos para outros sectores do resto da economia”, diz o documento
A Deloitte lembra que o Governo moçambicano aprovou uma auditoria externa independente dos fundos públicos e legislação para reformar as empresas públicas com o objectivo de “racionalizar as operações públicas, promover a boa governação, melhorar a transparência e reduzir riscos fiscais".
Solução para empresas públicas mal geridas
“Mais privatizações e o encerramento de companhias públicas são previstas a curto prazo tendo em conta a má administração do sector público e também a crescente concorrência do sector privado”, destaca a consultora.
Tais medidas são vistas como “uma decisão progressista para a economia em geral e vai fornecer muitas oportunidades para companhias que queiram expandir em Moçambique”, acrescenta o documento.
O relatório, que analisa em profundidade a situação económica, política e social em Moçambique, avisa que os investimentos a serem feitos no sector vão exigir uma mão-de-obra qualificada, embora “a grande maioria da força de trabalho moçambicana não possua os conhecimentos necessários”.
A Deloitte refere que as perspectivas sócio-económicas dependem grandemente de como o Governo gerir os lucros quando os projectos de gás começarem a produzir resultados em 2020.
Tensão política e militar
O documento prevê, no entanto, que o crescimento económico do país retorne o ciclo anterior, atingindo os 6,8 por cento em 2021, podendo, no futuro, atingir mais de 10 por cento ao ano.
No que diz respeito à situação militar, os especialistas da Deloitte consideram que “tendo em conta a falta de capacidade militar e financeira é pouco provável que a Renamo seja capaz de suster ataques contínuos”.
“Contudo, a oposição tem a capacidade para destabilizar até certo ponto o centro de Moçambique e assim possivelmente afastar a entrada de potenciais investimentos”, alerta o documento em jeito de conclusão.