Milhares de moçambicanos foram vítimas de um esquema de empréstimos com promessa de pagamento de juros mensais a taxa de 30 por cento.
Cerca de dez mil pessoas estão envolvidas no negócio ilegal de venda de dinheiro na cidade de Maputo, protagonizado por uma Associação de Crédito Ajuda Mútua, liderada por cidadãos de origem chinesa.
Vítimas da Associação de Crédito Ajuda Mútua concentraram-se junto à Procuradoria da cidade de Maputo para exigir o esclarecimento sobre o paradeiro do seu dinheiro congelado pelo banco central.
Esta instituição financeira movimentava diariamente mais de dois milhões de meticais, cerca de 30 mil dólares, e funcionava ilegalmente na cidade de Maputo.
Numa acção coordenada pela Procuradoria Geral da República, o Banco de Moçambique encerrou a associação e congelou as suas contas, deixando milhares de cidadãos no desespero.
Os mutuários prejudicados juntaram-se para exigir a devolução do valor aplicado no esquema.
"Da última vez que estivemos cá deram-nos 15 dias para passarmos novamente por cá e saber sobre o nosso processo, mas passam-se seis meses sem resposta", disse um mutuário prejudicado.
"Estamos aqui na Procuradoria porque queremos o nosso dinheiro, sempre que dizem que aquele xilique que estavamos a fazer não está de acordo com as normas do governo, deveriam mandar parar e devolver o nosso dinheiro. O dinheiro é nosso, é do nosso suor, está a a ver o que é uma pessoa vender badjias na estrada para juntar dinheiro e perdê-lo do nada, existem muitas pessoas aqui que têm dívidas com o banco", queixou-se outra mutuária.
A associação recebia fundos de cidadãos, no valor mínimo de 20 mil meticais (cerca de 280 dólares americanos) e, passados trinta dias, os depositantes recebiam juros de trinta por cento do capital investido.
O Banco de Moçambique (BM) diz que esta irregularidade foi descoberta no decurso da sua inspecção regular em que detectou que operações legalmente reservadas a bancos e outras instituições autorizadas a receber depósitos e outros fundos reembolsáveis eram desenvolvidas por esta associação.
"O Banco de Moçambique tem feito um enorme esforço de supervisão bancária, seja por via presencial através de inspecções no terreno de acordo com o perfil de risco que cada uma das instituições apresenta", disse Waldemar de Sousa.
A Procuradoria Geral da República diz que este processo está em fase de instrução preparatória para que os lesados saibam qual será o destino do valor aplicado na associação, cujos responsáveis de origem chinesa estão em parte incerta.