A porta-voz da Frelimo, Ludmila Maguni, diz que a escolha de sucessor de Filipe Nyusi, que será o candidato do partido às presidenciais, não terá em conta a região de proveniência, mas há quem considere que isso viola um alegado compromisso assumido entre os membros de que depois das zonas sul e norte seria a vez do centro.
Algumas correntes de opinião dizem que o sucessor do Presidente Nyusi deverá sair de um grupo que integra figuras como Luisa Diogo, José Pacheco e Basílio Monteiro, todos destacados membros da Frelimo e provenientes da zona centro, mas para Ludmila Maguni isso não passa de especulação.
Maguni, que não avançou qualquer data para a apresentação do candidato presidencial, reconhece que “há muita especulação relativamente à questão das regiões, mas para o partido a principal preocupação é que a Frelimo apresente o seu melhor candidato”.
À excepção de Filipe Nyusi, que é natural da zona norte, todos os presidentes de Moçambique, nomeadamente Samora Machel, Joaquim Chissano e Armando Guebuza são da zona sul.
Unidade nacional
Francisco Cassiano, 60 anos, natural da cidade da Beira, em Sofala, interroga-se porque é que “os moçambicanos não podem ter um presidente que seja da zona centro; falamos de unidade nacional, mas em termos concretos pouco se faz para a sua consolidação’’.
O analista político Moíses Mabunda opina que se este assunto não for bem gerido, num país sem cultura de diálogo e onde existem muitas etnias ou tribos, que se queixam de falta de oportunidades iguais em termos de acesso ao poder e a recursos, pode agravar a tensão política e social.
"Para resolver isto, tínhamos que ter um carácter conciliador, de paz, de dialogantes e de abertura que nós não temos’’, afirma Mabunda, defendendo que, se calhar, Moçambique devia seguir o exemplo da Tanzânia, que “conseguiu um consenso nacional relativamente à presidência do país e do partido, em que as presidências do partido e da República são escalonadas, entre as regiões continental e insular”.
Fator makonde
Entretanto, o escritor Luís Loforte, diz que existe um compromisso entre os membros da Frelimo sobre o candidato presidencial, destacando neste particular o factor makonde que foi determinante no processo para se atribuir maior poder ao presidente Filipe Nyusi, quando sucedeu Armando Guebuza na Presidência da República.
“O fator makonde, eu presumo que é o próprio compromisso da Frelimo, ancestral, ou seja, depois do sul, ainda havia o sentimento de que o makonde deveria ser contemplado’’, realça Loforte, avançando que ‘’para ter havido este compromisso não escrito, mas que nós sabemos e sentimos que existe, quer dizer que são pessoas que se entendem’’.
Para o comunicador Tomás Vieira Mário, a região de proveniência não é relevante, o mais importante é que o candidato presidencial tenha visão do país.
Vieira Mário critica o déficit da democracia interna nos partidos poliiticos moçambicanos, “porque não há debates, não existem encontros abertos para os militantes apresentarem as suas idéias”.
A eleições gerais em Moçambique serão em Outubro. Tal como a Frelimo, os outros partidos mais populares, Renamo e MDM, ainda não anunciaram os seus candidatos.
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