O Procurador-Geral da República do Brasil (PGR) acusou o ministro do Turismo do Governo interino, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, partido do Presidente em exercício Michel Temer, de participar num esquema de corrupção da Petrobras.
Num despacho ao Supremo Tribunal Federal (STF), Rodrigo Janot escreveu que o ministro actuou para receber dinheiro da Petrobras para a sua campanha ao Governo do Rio Grande do Norte, em 2014, em que foi derrotado.
O jornal Folha de S. Paulo revelou nesta segunda-feira, 6, que a acusação consta do pedido de inquérito enviado por Janot ao STF para investigar, além de Alves, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, também do PMDB, e o ex-presidente da empresa OAS.
"Houve, inclusive, actuação do próprio Henrique Eduardo Alves para que houvesse essa entrega de recursos, vinculada à contraprestação de serviços que ditos políticos realizavam em benefício da OAS", disse Janot, no despacho, adiantando que "tais montantes, por outro lado, adviriam do esquema criminoso montado na Petrobras e que é objecto do caso Lava Jato".
A investigação, baseada em mensagens apreendidas notelefone celular de Pinheiro, aponta que Alves pode ter recebido dinheiro de luvas "disfarçado" de doações oficiais e que os pedidos teriam partido de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, actualmente suspenso e réu de um processo de corrupção no STJ.
A PGR identificou ao menos oito solicitações de recursos para Alves, feitos por Cunha a Pinheiro.
O ministro declarou que recebeu 650.000 reais (cerca de 200 mil dólares) da OAS na prestação de contas da campanha ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo a procuradoria, Alves teria se comprometido com a OAS paraactuar junto ao Tribunal de Contas da União e ao Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte, onde a empresa tinha pendências.
Este é o terceiro membro do Governo interino do Brasil acusado de corrupção, em apenas três semanas.