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Mediação angolana no conflito na RDC em perigo após ataque do M23


Presidentes João Lourenço, de Angola (esq), Paul Kagame, do Ruanda (cen) e Felix Tshisekedi, da RDC
Presidentes João Lourenço, de Angola (esq), Paul Kagame, do Ruanda (cen) e Felix Tshisekedi, da RDC

O processo de mediação de Angola na guerra na República Democrática do Congo atravessa uma nova crise depois do governo angolano ter acusado o movimento rebelde M23 do Congo Democrático de pôr em perigo essa iniciativa ao ocupar uma localidade no leste do país.

Num comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Angola disse ter “tomado conhecimento com preocupação” da ocupação da localidade de Kalembe na província do Kivu Norte no domingo o que “representa uma violação flagrante” de acordos já alcançados inclusive de um cessar-fogo que entrou em vigor no início do passado mês de Agosto.

No comunicado, o ministério angolano “repudia e condena vigorosamente este acto hostil que coloca em risco os esforços em curso para a procura de uma solução duradoura ao conflito no leste da RDC”.

A ocupação daquela vila pelo M23 apoiado pelo Ruanda reflete as grande dificuldades que Angola enfrenta em tentar reconciliar as partes envolvidas no conflito e surge numa altura em que se aguarda para os próximos dias uma reunião de peritos do Congo Democrático e do Ruanda para se tentar resolver questões em disputa.

Ness reunião, prevista para o final deste mês, Angola deveria apresentar um plano concreto para a contenção de grupos armados que operam na República Democrática do Congo (RDC).

Meios de informação ruandeses disseram que o plano deverá fornecer detalhes para aquilo que é descrito como “um conceito de operações para as atividades contidas no plano harmonizado para a neutralização das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), bem como outras ações para todas as partes lidarem com as preocupações mútuas”.

Anteriormente o governo ruandês tinha acusado o Congo Democrático de obstruir o processo de paz angolano ao rejeitar um plano para a neutralização daquele grupo rebelde ruandês.

Sabe se que em 30 de Julho os chefes dos serviços de inteligência dos dois países, sob mediação angolana, tinham acordado na neutralização da FDLR, a retirada de tropas ruandesas da RDC e o possível envolvimento de forças do Ruanda nas operações para a neutralização da FDLR.

Existem alguns desacordos sobre como implementar esse acordo pois o Congo Democrático insiste que a neutralização da FDLR deve ser acompanhada de uma retirada de tropas do Ruanda do território congolês.

Como neutralizar a FDLR na vastidão do território do Congo Democrático e como lidar diretamente com o M23 são alguns dos problemas que Angola deveria tentar resolver pois Kinshasa insiste que todas as forças do M23 devem retirar-se para o Ruanda com as forças ruandesas no território.

Um portal de notícias do Ruanda disse que “não há cenário de paz na Republica Democrática do Congo que não incluía um diálogo entre o estado congolês e secções da população congolesa que tem perseguido há décadas e isso inclui a aliança rebelde M23”.

A ocupação da vila de Kalembe é assim mais um problema para a mediação angolana.

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