Uma freira em Malanje usa o seu próprio salário de reforma para permitir a sobrevivência de um orfanato no município de Malanje. Tudo porque o Estado não ajuda.
As 38 meninas órfãs do lar da congregação das irmãs Mercedárias, do bairro da Cahala, no município de Malanje enfrentam enormes dificuldades desde a ausência de água potável aos alimentos.
A cada semana, a instituição gasta 10 mil kwanzas para aquisição de uma cisterna de água não tratada aos vendedores chineses, confirmou a responsável adjunta do centro irmã Dolores Babarreo, que utiliza a sua pensão de velhice para sustentar as internas.
“Não me fales da água”, suplicou a missionária que recebeu há pouco o primeiro fornecimento de água da Administração Municipal de Malanje.
Babarreo disse que o orfanato terá em breve 40 crianças órfãs com a chegada de órfãs de Calandula.
As doenças causadas pela falta de água potável não faltam, disse a freira preocupada igualmente com a falta de apoio por parte da Assistência e Reinserção Social e o Departamento Provincial da Criança que nunca têm verbas.
“Nós estamos todas as semanas com febre tifóide, outro dia tivemos 14 crianças doentes, umas com febre tifóide e outras com paludismo, e o dinheiro vai em análises e medicamentos, um problema seríssimo”, lamentou.
“As pessoas que deveriam ter o espírito de solidariedade seriam as instituições próprias de defender o direito das crianças, mas infelizmente não dão nada”, acrescentou.
“Vêm todos os anos pedir listas actualizadas, mas depois todo o ano a gente não vê nada, elas vivem do meu salário é um escândalo”, replicou a freira.
O jornalista Victor Hugo Mendes levou brinquedos para as 38 meninas, para comemorar o Dia Internacional da Criança.
“Todos os meses, eu estou com as meninas, quase todas as semanas falo com a irmã e, a irmã apresenta-me sempre o quadro que se vive aqui neste lar”, disse, confirmando que tem entregue ao orfanato “desde bens alimentares, roupa usada, material escolar, brinquedos” acto que ocorre todos os meses.
O jornalista disse ter estado a angariar fundos e meios para apoiar o orfanato e já custeaia as despesas de uma parabólica.
“A gente pede ajuda nas amigas, fizemos pedidos no facebook e vamos colmatar as necessidades”, disse o também apresentador de televisão visivelmente emocionado.
A única viatura disponível com capacidade para transportar 13 meninas para a escola já não satisfaz as necessidades do lar, outras devem caminhar longas distâncias a pé e a diversão está apenas vinculada aos canais de televisão pagos mensalmente pelo jornalista.
Victor Hugo Mendes é padrinho daquelas crianças e adolescentes há mais de dois anos. E por isso é sempre recebido como um pai.