O Brasil tem pouco mais de 8 mil refugiados, apesar de, segundo a Presidente Dilma Roussef, ser um país aberto aos que fogem a conflitos e perseguições.
Os sírios constituem cerca de um quarto desse montante, com 2.097 cidadãos registados no país.
O Governo não tem planos nem programas para os acolher e organizações que se dedicam a esse tipo de trabalho não encontram apoio no Executivo, a quem algumas acusam de discriminação religiosa.
Na semana passada, o Comité Nacional para os Refugiados no Brasil assinou uma parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados para actualizar o banco de dados sobre áreas de conflito no mundo.
Este é o primeiro passo para a criação de uma estrutura de apoio a esses refugiados, segundo o Governo.
A Missão de Apoio à Igreja Sofredora, conhecida abreviadamente por MAIS, é uma organização com base em Vila Velha, no Estado do Espírito Santo, que, à semelhança de outras recebem refugiados sírios.
O MAIS tem a sua atenção virada para aqueles que fogem da perseguição religiosa.
Criado em 2010 depois do terremoto no Haiti, até agora passaram pela organização, haitianos, paquistaneses e congoleses.
Desde Novembro de 2013, já foram atendidas mais de 150 pessoas, entre elas muitas crianças.
Eles chegam traumatizados, com um misto de medo e alivio, mas, por exemplo, "as brincadeiras das crianças são sempre em torno da guerra, que é o que elas viram lá", explica o coordenador da base de Vila Velha Igor Adrian
Em média, o centro procura encontrar uma alternativa em três meses, "através da carteira de trabalho, CPF e todos os documentos para que vivam e trabalham legalmente no país", diz Adrian.
À chegada, além eles recebem apoio psicológico e espiritual, enquanto o Mais procura parceiros que aceitem receber os refugiados.
"São, na sua maioria, igrejas que se associam ao MAIS, mas também pessoas e outras organizações", que ajudam a financiar a organiziação.
Apesar do discurso do Governo de estar aberto a receber refugiados, não existe um programa de integração.
A alternativa, no caso do MAIS, é submeter projectos na qualidade de organização não governamental, mas tem enfrentado discriminação religiosa das autoridades brasileiras.
"Temos tentado conseguir apoios do Governo, mas quando sabem que ajudamos pessoas que fogem da perseguição religiosa, somos discriminados e nunca tivemos acesso a nenhum tipo de fundo", denuncia Igor Adrian.
Alex, nome fictício, é um refugiado sírio que não quer revelar a sua real identidade com medo de a sua família sofrer retaliações.
"Fui muito bem tratado, como um irmão, mas não gosto que me tratem como refugiado", disse Alex à VOA.
Por agora, Yaman não sabe se, depois da guerra, regressa à Síria ou fica no Brasil.
Entretanto, quer tirar os familiares da Síria porque a guerra vai demorar "pelo menos oito anos".
O MAIS (www.maisnomundo.org) pretende abrir cinco novos centros em 2015.