O relatório Liberdade no Mundo 2021, da organização não governamental Freedom House, divuglada nesta quarta-feira, 3, mantém Moçambique no grupo dos “países parcialmente livres”.
O documento faz referência à situação de insegurança em Cabo Delgado, paraticularmente o elevado número de deslocados.
Em Maputo, analistas dizem que não espanta o facto de Moçambique continuar a fazer parte do grupo de países parcialmente livres porque se assiste, no dia-a-dia, a violações dos direitos humanos e a situação das liberdades individuais a deteriorarem-se.
O jurista Tomás Vieira Mário diz que no plano formal, constitucional ou legal, Moçambique está bem, tem uma Constituição da República favorável à liberdade de imprensa, mas não tem conseguido dar o salto para país livre, porque ainda tem muitos problemas no plano prático.
Mário avança que "houve muitos incidentes, o ano passado, que não deixaram o país bem, entre os quais o ataque à redacção do jornal Canal de Moçambique, aquela polémica acerca da tentativa do Governo de aplicar taxas sobre os órgãos de comunicação social, entre outros".
O também jurista Borges Nhamire diz que não está espantado com o relatório da Freedom House "porque no dia-a-dia, nós vimos a situação das liberdades a deteriorar-se.
Para o economista João Mosca, apesar de em Moçambique existirem muitos partidos políticos, "vive-se no país uma situação de partido único".
E Adriano Nuvunga, investigador e director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento, diz que "Moçambique nem sequer devia fazer parte do grupo de países parcialmente livres”.
“Os dirigentes neste país intimidam as pessoas. A violência é um instrumento de gestão, característica de Estados não livres”, sublinha Nuvunga.