Um juiz em Nova Iorque decidiu que Donald Trump cometeu fraude durante anos enquanto construía o império imobiliário que o catapultou para a fama e para a Casa Branca.
Num processo movido pela procuradora-geral de Nova Iorque, o juiz Arthur Engoron concluiu que o antigo Presidente e as Organizações Trump enganaram bancos, seguradoras e outros ao sobrevalorizarem enormemente os seus ativos e exagerarem o seu património líquido na documentação utilizada para fazer negócios e garantir financiamentos.
Engoron ordenou que algumas das licenças comerciais de Trump fossem rescindidas como punição, tornando difícil ou impossível que façam negócios em Nova Iorque e avisou que continuará a monitorar as operações das Organizações Trump.
Donald Trump não se proncuniou ainda mas ele tem insitido que não fez nada de errado.
"Um mundo de fantasia"
A decisão, tomada dias antes do início de um julgamento sem júri no processo movido pela procuradora-geral Letitia James, é o mais forte revés até agora à imagem de Trump como um magnata imobiliário rico e astuto que se tornou uma potência política.
Além de se gabarem das suas riquezas, Trump, as Organizações Trump e os seus principais executivos, segundo a decisão judicial, mentiram repetidamente sobre elas nas suas demonstrações financeiras anuais, colhendo recompensas como condições de empréstimo favoráveis e prémios de seguro mais baixos.
Essas táticas ultrapassaram os limites e violaram a lei, disse o juiz, rejeitando a alegação de Trump de que uma isenção de responsabilidade nas demonstrações financeiras o absolveu de qualquer irregularidade.
"No mundo dos réus, apartamentos com aluguer regulamentado valem o mesmo que apartamentos não regulamentados, terrenos restritos valem o mesmo que terrenos irrestritos, restrições podem evaporar no ar, uma isenção de responsabilidade de uma parte a atribuir responsabilidade a outra parte exonera as mentiras da outra parte", escreveu Engoron na sua decisão de 35 páginas, na qual sublinha que "este é um mundo de fantasia, não o mundo real".
Multa de 250 milhões de dólares
Os procuradores de Manhattan pensaram em abrir um processo criminal pela mesma conduta, mas se recusaram a fazê-lo, deixando James processar Trump.
A decisão de Engoron, num julgamento sumário, resolve a principal reclamação do processo da procuradora-geral James, mas outras seis permanecem.
Engoron deve realizar um julgamento sem júri a partir de 2 de outubro, antes de decidir sobre essas reivindicações e quaisquer punições..
A procuradora-geral da Nova Iorque pede 250 milhões de dólares em multas e que Trump seja proibido de fazer negócios no seu estado natal.
O julgamento pode durar até dezembro, admitiu Engoron.
Trump nega
Os advogados de Trump pediram ao juiz que rejeite o caso, o que ele negou.
Eles argumentam que James não estava legalmente autorizada a abrir o processo porque não há nenhuma evidência de que o público tenha sido prejudicado pelas ações de Trump.
A defesa alegou também que muitas das alegações do processo foram prescritas.
Engoron lembrou ter "rejeitado enfaticamente" esses argumentos no início do processo.
"A arte de roubar"
James processou Trump e as Organizações Trump há um ano alegando um padrão de duplicidade que ela apelidou de “a arte de roubar”, uma variação do título do livro de memórias de negócios de Trump de 1987, “A Arte do Negócio”.
A procuradora-geral acusa Trump e a sua empresa de inflacionarem sistematicamente o valor de ativos como arranha-céus, campos de golfe e a sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flrida, visando aumentar os seus resultados financeiros em milhares de milhões.
O antigo Presidente sempre negou qualquer irregularidade e disse que a procuradora devia abandonar a acusação.
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