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Trump indiciado e acusado de tentar ilegalmente reverter derrota nas eleições de 2020


Donald Trump em Des Moines, Iowa, 28 Julho de 2023 (arquivo)
Donald Trump em Des Moines, Iowa, 28 Julho de 2023 (arquivo)

Donald Trump é o primeiro Presidente dos EUA acusado de tentar deliberadamente manter o poder contra a vontade dos eleitores

Um grande júri federal em Washington acusou nesta terça-feira, 1 o ex-Presidente dos EUA Donald Trump de tentar ilegalmente reverter a sua derrota nas eleições de 2020 para manter-se o poder, aumentando os seus problemas legais ,enquanto faz campanha para reconquistar a Casa Branca nas eleições de 2024.

As quatro acusações foram apresentadas pelo procurador especial do Departamento de Justiça, Jack Smith, depois que o grande júri ouviu meses de depoimentos de alguns dos aliados mais próximos de Trump e que recordaram como Trump tentou - e falhou - em reverter a sua derrota para o democrata Joe Biden, eleito Presidente em Novembro de 2020.

A acusação de 45 páginas alega que Trump, de 77 anos, se envolveu em uma conspiração para defraudar os Estados Unidos, ameaçar os direitos de terceiros e obstruir um processo oficial perante o Congresso - a contagem dos votos eleitorais que certificam a vitória de Biden -, obstrução de um processo oficial, a contagem dos votos do Colégio Eleitoral pelo Congresso a 6 de janeiro de 2021, quando 2.000 apoiantes de Trump invadiram o Capitólio dem um protesto violento.

Procurador especial ameicano Jack Smith apreentando acusaçōes contra o ex-presidente Trump em Washington
Procurador especial ameicano Jack Smith apreentando acusaçōes contra o ex-presidente Trump em Washington

Ésta é a primeira vez, nos 247 anos de história do país ,que um antigo Presidente é acusado de tentar ilegalmente manter-se no cargo por mais um mandato de quatro anos, em vez de entregar pacificamente, ainda que com relutância, o poder a um sucessor.

Trump deverá comparecer perante um juiz nesta quinta-feira, na sua primeira comparência em tribunal no âmbito deste processo.

Até hoje, o republicano alega falsamente que foi impedido de ser reeleito por fraude eleitoral e outras irregularidades eleitorais, mesmo depois de dezenas de juízes terem rejeitado as suas alegações nas semanas após as eleições de 2020.

"Apesar de ter perdido, o réu estava determinado a permanecer no poder. Portanto, por mais de dois meses após o dia da eleição em 3 de novembro de 2020, o Réu espalhou mentiras de que houve fraude que alterou o resultado na eleição e que ele realmente ganhou", lê-se na acusação.

"Essas afirmações eram falsas e o réu sabia que eram falsas", continua a acusação, dizendo ainda que Trump "repetiu-as e divulgou-as amplamente de qualquer forma - para fazer com que as suas alegações conscientemente falsas parecessem legítimas, criar uma intensa atmosfera nacional de desconfiança e raiva e corroer a fé pública na administração das eleições".

A acusação alega que cada uma das conspirações de Trump "visava uma função fundamental do Governo federal dos Estados Unidos: o processo nacional de recolha, contagem e certificação dos resultados das eleições presidenciais".

A procuradoria alega que Trump conspirou de várias formas com seis outras pessoas, nenhuma delas mencionada na acusação, para alterar o resultado nacional.

Quatro deles eram advogados que o aconselhavam, outro era um funcionário do Departamento de Justiça e um sexto era um consultor político que alegadamente "ajudou a implementar um plano para apresentar listas fraudulentas de eleitores presidenciais [favorecendo Trump] para obstruir o processo de certificação" que mostrava que Biden tinha ganho.

Acusaçōes avolumam-se

Esta é a segunda vez que Jack Smith acusa Trump, nos últimos dois meses.

Numa acusação anterior de 40 crimes, o procurador acusou Trump de reter ilegalmente 32 documentos de segurança nacional altamente confidenciais na sua propriedade à beira-mar em Mar-a-Lago, na Flórida, depois de ter deixado o cargo, em vez de os entregar aos Arquivos Nacionais, como lhe era exigido pela lei dos EUA.

O julgamento está marcado para Maio de 2024.

Além disso, um procurador do Estado de Nova Iorque acusou Trump de ter falsificado registos financeiros do seu grupo imobiliário, a Trump Organization, para ocultar um pagamento de 130 000 dólares a uma actriz de filmes pornográficos antes da sua bem sucedida campanha presidencial de 2016.

O objetivo era silenciar a alegação da atriz de que tinha tido um encontro de uma noite com Trump uma década antes.

O julgamento está marcado para Março próximo.

No Estado da Geórgia, uma procuradora sinalizou que também pode em breve acusar Trump de tentar anular ilegalmente o resultado das eleições de 2020 naquele estado.

No início de 2021, Trump foi gravado num telefonema a pedir aos funcionários eleitorais que "encontrassem" 11,780 votos, um a mais do que a margem de vitória de Biden, para que Trump pudesse reivindicar os 16 votos eleitorais do estado.

Donald Trump negou qualquer irregularidade nos vários casos, atacando frequentemente Smith e os procuradores em Nova Iorque e na Geórgia.

O antigo Presidente também atacou a acusação, alegando que era "nada mais do que o último capítulo corrupto na tentativa patética contínua da Família do Crime Biden e seu Departamento de Justiça armado" de interferir na eleição de 2024.

Ele afirmou que a acusação é uma reminiscência da "Alemanha nazista na década de 1930, a ex-União Soviética e outros regimes autoritários e ditatoriais".

No campo político, as sondagens nacionais mostram que Trump é o favorito entre os eleitores republicanos para a nomeação presidencial do partido para 2024.

Uma pesquisa do New York Times publicada nesta terça-feira, horas antes da última acusação, mostrou-o empatado com Biden, com 43% cada, num cenário em que os dois adversários de 2020 voltariam a encontrar-se e numa segunda eleição consecutiva.

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