O novo Presidente de Angola, empossado nesta terça-feira, 26, em Luanda, garantiu que irá cumprir a promessa feita na campanha de lutar contra a corrupção que, segundo ele, “grassa as instituições do Estado”.
No seu discurso de posse, João Lourenço reiterou que esta será “uma das mais importantes frentes de luta” porque a corrupção “tem um impacto negativo directo no Estado” e que ameaça os alicerces do país.
Ao apresentar como lema da sua magistratura “renovação e transformação na continuidade, melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”, o mesmo usado na campanha eleitoral, Lourenço alertou que o Estado deve servir a todos, independentemente das suas opções políticas.
No discurso de 47 minutos, o novo Presidente angolano prometeu uma “maior aproximação aos sindicatos, organizações não governamentais e parceiros do Executivo”, de modo a promover uma presença mais activa da sociedade civil.
"Uma vez investido no meu cargo, serei o Presidente de todos os angolanos e irei trabalhar na melhoria das condições de vida e bem-estar de todo o nosso povo", garantiu Lourenço, que na mesma cerimónia recebeu simbolicamente o poder das mãos de José Eduardo dos Santos, que estava no cargo há 38 anos.
Imprensa aberta e com opiniões diferentes
Embora tenha reconhecido a melhoria registada na comunicação social nos últimos anos, João Lourenço defendeu uma maior abertura e prometeu reforçar os órgãos públicos para que levem uma informação fidedigna a todo o território angolano.
“Estamos conscientes de que há muito por fazer e que estamos longe de atingir o ideal”, reconheceu Lourenço que desafiou os órgãos públicos a uma maior abertura, que “aprendam a conviver com a crítica e a diferença de opiniões e que provoquem o debate de ideias”.
O interesse nacional tem de estar acima dos interesses particulares ou de grupo, na óptica de Lourenço, para quem “é nossa responsabilidade construir uma Angola próspera”.
Inserção e diáspora
Entre várias tarefas que disse ter pela frente, o Presidente indicou a reforma do Estado, a diversificação da economia e o reforço da democracia, e defendeu o diálogo como forma de encontrar soluções.
A inserção de Angola no mundo, segundo Lourenço, pressupõe relações bilaterais e multilaterais fortes na região e com todos os países que primem o seu relacionamento pela independência de Angola e não ingerência nos assuntos internos do país.
A diáspora angolana também foi citada pelo Presidente que prometeu uma atenção maior de modo a que participe no desenvolvimento do país.
Jovens no centro e mulheres a ombrear com os homens
João Lourenço colocou uma tónica especial na juventude que “estará no centro da nossa atenção porque apostar nos jovens é apostar no nosso futuro”.
Neste sentido, prometeu investir na educação e formação técnica e profissional dos jovens, e, para o efeito, garantiu que serão alocados recursos neste sentido.
Depois de uma incursão pelos diversos sectores do país, João Lourenço defendeu que as “mulheres devem ter o direito de ombrear com os homens em todos os sectores”.
Adeus de Santos e sem oposição
João Lourenço foi empossado no Memorial António Agostinho Neto, na presença de quase 30 chefes de Estado e de Governo e de milhares de participantes.
Ele prestou juramento à nação, com a mão direita sobre a Constituição da República de Angola, assinando o termo de posse.
Depois recebeu do Presidente cessante o colar presidencial, assumindo assim o lugar anteriormente ocupado por José Eduardo dos Santos.
No seu discurso, Lourenço agradeceu o trabalho desenvolvido por Santos.
"Cumpriu a sua missão com um brio invulgar", reconheceu João Lourenço.
João Lourenço é o terceiro Presidente da República depois de António Agostinho Neto (1975-1979) e José Eduardo dos Santos (1979-2017).
Refira-se que, como tinham prometido, os partidos da oposição, UNITA, CASA-CE, FNLA e PRS, não comparecem à cerimónia de posse.
Ouça o discurso na integra aqui: