O Governo do Egito propôs um plano de 53 mil milhões de dólares para reconstruir Gaza ao longo de cinco anos, com foco na ajuda de emergência, na restauração de infra-estruturas e no desenvolvimento económico a longo prazo, de acordo com um projeto em discussão na Cimeira da Liga Árabe que decorrer nesta terça-feira, 4, no Ciaro, a que a AFP teve acesso.
A proposta contraria um plano apresentado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, no mês passado para assumir o controlo de Gaza, devastada pela guerra e deslocar a sua população, nomeadamente para o Egito e a Jordânia.
Os palestinianos, juntamente com os Estados árabes e muitos parceiros de Israel e dos Estados Unidos, condenaram a proposta de Trump e rejeitaram qualquer esforço para expulsar os residentes de Gaza.
O plano é integrado por duas várias fases, uma de recuperação e outra de reconstrução.
A fase inicial de recuperação, que deve durar seis meses e custar 3 mil milhões de dólares, vai focar-se na "remoção de minas e munições não detonadas, limpeza de escombros e fornecimento de habitações temporárias".
Para fazer face às necessidades imediatas de casas nesta fase, o Egipto propõe a criação de sete locais designados em Gaza para acolher mais de 1,5 milhões de pessoas deslocadas em unidades habitacionais temporárias, cada uma com uma média de seis pessoas.
O plano inclui também reparações iniciais em 60 mil casas parcialmente danificadas para acomodar 360 mil pessoas.
Na segunda fase, de reconstrução, segundo o esboço a ser discutido, tem dois momentos e uma duração de quatro anos e meio.
O primeiro período, que decorre até 2027 com um orçamento de 20 mil milhões de dólares, deve concentrar-se na reconstrução de infraestruturas essenciais, incluindo estradas, redes de serviços públicos e instalações de serviços públicos.
Também nesse período, devem ser construídas 200 mil unidades habitacionais permanentes para 1,6 milhões de pessoas e a recuperação de 20 mil acres de terra.
A segunda etapa, que se estenderá até 2030 e terá um custo estimado de 30 mil milhões de dólares, visa concluir projetos de infra-estruturas, mais 200 mil unidades habitacionais e estabelecer zonas industriais, um porto de pesca, um porto comercial e um aeroporto.
Quanto ao financiamento, o plano do Egito propõe a criação de um fundo fiduciário supervisionado internacionalmente para garantir um financiamento eficiente e sustentável, bem como transparência e supervisão.
Outro aspeto imortante é quem quem governará Gaza.
O plano propõe um comité de administração, composto por tecnocratas independentes e figuras apartidárias, a ser formado sob o Governo palestiniano para gerir o território durante um período de transição de seis meses.
A medida é descrita como um passo para permitir que a Autoridade Palestiniana retome totalmente o controlo.
O projeto informa ainda que o Egito e a Jordânia estão a treinar forças de segurança palestinianas para controlar o território e apela também a apoio internacional e regional para ajudar a financiar este esforço.
A proposta admite uma eventual presença internacional nos territórios palestinianos, incluindo uma possível resolução do Conselho de Segurança da ONU para forças de manutenção da paz ou de proteção para Gaza e para a Cisjordânia, mas carecerá de um "cronograma mais amplo que levará ao estabelecimento de um Estado palestiniano".
Os líderes da Liga Árabe devem pronunciar-se ainda hoje no final da cimeira, em que está presente também o Presidente angolano, José Lourenço, na qualidade de Presidente da União Africana.
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