O grupo radical Estado Islâmico reivindicou no domingo, 17, ter mortos 11 cristãos, num massacre ocorrido a 14 de Setembro, na aldeia de Naquitengue, distrito de Mocímboa da Praia, na província moçambicana de Cabo Delgado, que enfrenta uma insurgência armada há seis anos.
Através dos seus canais de propaganda, o grupo refere ter executado 11 cristãos tirados de uma multidão muçulmana que se encontrava a jogar futebol, e numa outra ocasião ter atacado à bomba elementos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
A VOA não conseguiu verificar de forma independente a veridicidade do anúncio do grupo terrorista que circula nas redes sociais desde o início da manhã deste domingo, 17, mas desde sábado vários relatos locais apontam para um ataque terrorista na aldeia de Naquitengue e Inguri, no distrito de Mocímboa da Praia.
Estado Islâmico reclama 11, população fala em 12 mortos
Segundo os relatos, o grupo invadiu a aldeia no início da tarde de quinta-feira, 14, e disparou contra um grupo de jovens que se encontrava a jogar futebol num campo improvisado, matando 12, tendo outras três pessoas escapado com ferimento de balas.
“Foram encontrados a jogar, mas na verdade foram mortas 12 pessoas e há população ferida”, explicou Ibrissa Gulamo, um morador local em declarações por telefone à VOA.
Um outro morador disse que “a minha sogra foi informada que o marido está morto, portanto, meu sogro morreu nesse ataque”, acrescentando que os corpos foram encontrados pelas forças moçambicanas e ruandesas, quando foram destacados para o local.
Há várias pessoas que continuavam refugiadas nas matas até este sábado, disse uma outra fonte, relatando igualmente uma incursão dos rebeldes a aldeia de Inguri.
“Eles entraram como militares, significa estão a usar a tática anterior, estamos admirados e desesperados como isso volta a acontecer”, precisou um outro morador, Adam Selemane.
A Polícia em Pemba, ainda não reagiu ao incidente.
Estas incursões ocorrem menos de um mês depois do anúncio, em 25 de agosto, pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Moçambique, Joaquim Mangrasse, da eliminação do líder do terrorismo no país, o moçambicano Bonomade Machude Omar, juntamente com outros elementos da liderança do grupo terrorista.
Os terroristas que atuam em Cabo Delgado têm ligações com o Estado Islâmico.
Desde 2017 provocaram a morte de cerca de quatro mil pessoas e a fuga de mais um milhão de pessoas, segundo a agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que, no entanto, assegura o regresso da mais da metade dos deslocados.
Fórum