Pela sua localização geográfica, Cabo Verde tem acolhido pequenas embarcações resgatadas com cidadãos de países da África Ocidental que tentam chegar à Europa.
O caso mais recente foi o resgate em Agosto perto da ilha do Sal de uma pequena embarcação que estava à deriva com 38 pessoas e sete corpos, facto que levou organizações dos direitos humanos a falarem na necessidade de se reforçar mecanismos de acolhimento, visando prestar uma melhor assistência em situações de emergência com migrantes.
Para já, o ministro da Administração Interna descarta a possibilidade de o arquipélago criar um centro de acolhimento permanente de migrantes.
Sendo um país que diz pautar-se pela defesa dos direitos humanos e que possui emigrantes espalhados pelos quatro cantos do mundo, as organizações entendem que o Governo deve reforçar mecanismos de articulação e criar condições para que o país possa estar melhor preparado na assistência a esses cidadãos que, desesperadamente e em condições difíceis, procuram chegar à Europa na busca de melhores condições de vida.
Importa salientar que boa parte desses cidadãos não se aventura no mar devido apenas às difíceis condições socioeconómicas, mas também fugindo de conflitos armados e outras situações de instabilidade nos respetivos países.
Para a presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos, é preciso haver um maior entrosamento entre os diferentes setores, sempre na perspetiva de se prestar melhores cuidados.
“Na nossa opinião, deve-se fazer uma avaliação daquilo que aconteceu nos vários casos para ver o que correu bem e o que precisa ser melhorado, e criar as condições para caso venham acontecer outras situações do tipo … estejamos melhor preparados para as respostas”, afirma Eurídice Mascarenhas, quem “defende ainda o reforço na capacitação e entrosamento entre os diferentes agentes envolvidos”.
O presidente da Plataforma das Comunidades Africanas diz reconhecer as dificuldades do arquipélago, mas entende que se deve criar mecanismos e estruturas mais sólidas para lidar melhor com essa matéria.
José Viana realça a necessidade de “as associações, a Plataforma das Comunidades Africanas, a Alta Autoridade para a Migração, de todos juntarmos numa só voz e com uma só intenção na resolução desses problemas para termos melhor acolhimento”.
Por agora, o ministro da Administração Interna descarta a possibilidade da criação de um centro permanente de acolhimento de migrantes no país.
Paulo Rocha afirma que, sempre que têm surgido casos dessa natureza, são dispensados todos os cuidados necessários no acolhimento, recuperação dos debilitados e depois no processo de repatriamento para os respetivos países.
“Cabo Verde está preparado e tem a obrigação de prestar toda a assistência humanitária devida, mas nós não pomos a hipótese de manter aqui centros de acolhimento permanentes porque não faz nenhum sentido, atendendo a nossa condição de país arquipelágico com todos os nossos problemas”, sustenta Paulo Rocha.
Este é o segundo caso neste ano, depois de, no início de Janeiro, cerca de 90 pessoas e dois corpos terem sido localizados na ilha da Boa Vista.
Antes, em 2020, também nos mares do Sal, foram resgatadas 66 pessoas oriundas dos países da região ocidental do continente, que procuravam chegar à Europa de forma clandestina.
Fórum