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Autoridades congolesas bloqueiam acesso ao aeroporto de Goma enquanto os rebeldes avançam


Soldados das Forças Armadas da RDC.
Soldados das Forças Armadas da RDC.

13 soldados da paz estrangeiros mortos na República Democrática do Congo

As autoridades da República Democrática do Congo (RDC) bloquearam o acesso ao aeroporto de Goma, capital provincial no leste do país, e cancelaram voos enquanto os rebeldes M23 - apoiados pelo Ruanda - avançam sobre a cidade, disseram três responsáveis citados pela Reuters neste domingo, 26.

O aeroporto não foi oficialmente encerrado, mas os passageiros que já estavam no local foram instados a regressar a casa. As Nações Unidas também apelaram aos funcionários para não irem ao aeroporto.

Os rebeldes disseram num comunicado no domingo que o espaço aéreo sobre Goma está fechado.

M23 mata 13 soldados estrangeiros na RDC

No sábado, 25, três países — África do Sul, Malawi e Uruguai — anunciaram a morte de um total de 13 militares que serviam como forças de manutenção da paz na zona de conflito, onde as forças da ONU, conhecidas como MONUSCO, e uma força regional de manutenção da paz do sul denominado SAMIDRC, têm apoiado os militares da RDC.

A escalada dos conflitos levou a uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, originalmente marcada para segunda-feira, que foi adiada para domingo.

O porta-voz do exército congolês, o general Sylvain Ekenge, disse aos jornalistas que as forças armadas do seu país estavam a trabalhar para "repelir o inimigo".

"O Ruanda está determinado a tomar a cidade de Goma", disse.

Aprofunda-se a crise diplomática

A RDC anunciou no sábado à noite que retirava os seus diplomatas de Kigali numa carta à embaixada do Ruanda em Kinshasa.

O Ruanda respondeu prontamente, e o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Olivier Nduhungirehe, disse à AFP no domingo que Kigali tinha "evacuado" o seu último diplomata da República Democrática do Congo devido aos conflitos.

"Evacuámos o nosso diplomata restante na sexta-feira, através de Brazzaville, pois estava sob ameaças constantes das autoridades congolesas", disse Nduhungirehe.

Instando os combatentes a travar o seu avanço, a responsável pela política externa da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que "o Ruanda deve cessar o seu apoio ao M23 e retirar".

"A UE condena veementemente a presença militar do Ruanda na RDC como uma clara violação do direito internacional, da Carta da ONU e da integridade territorial da RDC", disse ela.

A União Africana e o Presidente francês Emmanuel Macron — que falaram em chamadas telefónicas separadas com Kagame e Tshisekedi — também juntaram as suas vozes às exigências de interrupção imediata dos conflitos.


Consequências nefastas

Desde o início de Janeiro, cerca de 400 mil pessoas foram forçadas a fugir dos conflitos, segundo a ONU.

A ONU começou a evacuar funcionários "não essenciais" de Goma para o vizinho Uganda e para a capital congolesa, Kinshasa.

A Grã-Bretanha, os Estados Unidos, a Alemanha e a França também já pediram aos seus cidadãos que saíssem.

O Presidente angolano, João Lourenço, mediador da União Africana entre o Ruanda e a RDC, denunciou "ações irresponsáveis do M23 e dos seus apoiantes".

Em Dezembro, uma reunião planeada entre Tshisekedi e Kagame, no âmbito de um processo de paz liderado por Angola, foi cancelada devido à falta de acordo.

As negociações chegaram a um impasse devido à exigência ruandesa de que a RDC mantivesse um diálogo direto com os rebeldes do M23, de maioria tutsi — o que Kinshasa rejeitou, de acordo com as autoridades na cimeira de dezembro.

No sábado, a porta-voz do governo ruandês, Yolande Makolo, afirmou na rede social X que “o diálogo entre o governo da RDC e os rebeldes de uma comunidade congolesa lesada que tem sido vítima de perseguição sistemática é a única forma de resolver este conflito”.

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