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Conflito na RDC: Tshisekedi exclui qualquer diálogo com os rebeldes do M23


Soldados congoleses nos subúrbios de Goma, província do Kivu Norte , na RDC, 9 Junho 2022 (arquivo)
Soldados congoleses nos subúrbios de Goma, província do Kivu Norte , na RDC, 9 Junho 2022 (arquivo)

O Presidente congolês manifestou, no entanto, a determinação do seu país em continuar a fazer parte do processo de Luanda.

O diálogo com o grupo armado M23 é uma “linha vermelha” que Kinshasa não pode ultrapassar no conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda, afirmou no sábado, 18, o Presidente congolês, Félix Tshisekedi.

Desde o seu ressurgimento no final de 2021, o M23 (“Movimento 23 de março”), apoiado pelo Ruanda e com 3.000 a 4.000 soldados ruandeses ao seu lado, apoderou-se de vastas faixas de território no leste da RDC, rica em recursos naturais e dilacerada pelo conflito há 30 anos.

A 15 de dezembro, o Presidente congolês Félix Tshisekedi e o Presidente ruandês Paul Kagame deveriam ter-se reunido em Luanda para conversações de paz, mas as duas partes não chegaram a acordo sobre os termos, o que levou ao cancelamento da cimeira à última hora.

O fracasso das conversações ficou a dever-se “à ausência do presidente ruandês (Paul Kagame) e à introdução pela delegação ruandesa de uma nova condição prévia, nomeadamente a exigência de um diálogo direto entre a República Democrática do Congo e o grupo terrorista M23”, disse Tshisekedi no sábado, dirigindo-se aos diplomatas acreditados em Kinshasa.

“O diálogo com um grupo terrorista como o M23 é uma linha vermelha que nunca ultrapassaremos”, afirmou o chefe de Estado na cerimónia. “Exigir um diálogo direto com um grupo terrorista é o mesmo que legitimar acções que violam as nossas leis e princípios fundamentais”.

Em Paris, o Presidente francês Emmanuel Macron e o Presidente angolano João Lourenço apelaram ao reinício das conversações “ao mais alto nível” entre a RDC e o Ruanda.

João Lourenço é o mediador nomeado pela União Africana (UA) no conflito entre Kigali e Kinshasa.

A RDC “nunca se submeterá a pressões de actores externos que tentam impor condições contrárias aos nossos interesses e à nossa soberania”, disse Tshisekedi. O Presidente congolês manifestou, no entanto, a determinação do seu país em continuar a fazer parte do processo de Luanda.

“A RDC estava sinceramente empenhada no processo, esperando que este marcasse o início de uma paz duradoura”, acrescentou. “No entanto, as contínuas provocações de Kigali, as suas repetidas violações dos acordos e o seu apoio ativo ao M23, sejamos claros, minam a credibilidade deste processo”.

Desde o início de janeiro, os combates entre o M23 e o exército congolês no leste da RDC já deslocaram pelo menos 237.000 pessoas, afirmou na sexta-feira o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), manifestando-se “alarmado com o agravamento da violência”.

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