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Doença tabú das mulheres é finalmente falada em público


Patricia Guzman, representante do FNUAP em Maputo
Patricia Guzman, representante do FNUAP em Maputo

Moçambique tem especialista reconhecido internacionalmente

Através do mundo mais de dois milhões de mulheres são afectadas por fístulas obstétricas. Mas é uma lesão de que pouco se fala porque as vítimas são geralmente mulheres pobres dos países em desenvolvimento.

Moçambique é também, um pais onde mulheres são afectadas mas conta com um édico reconhecido como uma autoridade internacional no tratamento.

Esta semana no Maputo realizou-se o décimo primeiro encontro do Grupo de Trabalho Internacional sobre Fístulas Obstétricas.

É uma lesão que resulta de um trabalho de parto complicado, demorado e sem assistência médica adequada.

Durante o trabalho de parto, que chega a durar dias, a cabeça do bebé comprime e destrói os tecidos ao redor. Os tecidos morrem e fica um orifício entre a bexiga e a vagina, ou entre o recto e a vagina.

A mulher fica incontinente, isto é, perde a urina e fezes, de forma descontrolada.

A maior parte das mulheres com fístula é pobre e vive no campo. Casa-se e engravida prematuramente.
Tem pouca educação e desconhece os métodos anticonceptivos.

E, por causa do mau cheiro que exala, fica envergonhada, perde a auto-estima e já não consegue levar uma vida normal, passando a ser rejeitada por todos: família, amigos, marido.

O especialista moçambicano, Igor Vaz é Director de Urologia no Hospital Central de Maputo.
É médico cirurgião e é dos poucos que, em Moçambique, faz operações para tratar mulheres com fístulas obstétricas.

Vaz é, aliás, o único capaz de reconstruir uma vagina em doentes com fístulas obstétricas, sendo considerado pioneiro, nessa prática, a nível mundial, e tendo já feito mais de vinte casos, com sucesso.

Em Moçambique, não há dados fiáveis referentes a mulheres com fístulas obstétricas, mas as autoridades sanitárias dizem e reconhecem que o número é elevado.

Segundo estimativas, entre duas a três mulheres, em cada cem mil partos, desenvolvem a fístula obstétrica, em Moçambique.

E este é um problema que aflige não apenas Moçambique.

Totalmente eliminada nos países ricos, há mais de um século, a fístula obstétrica continua a atingir pelo menos dois milhões de mulheres pobres, nos países em desenvolvimento.

Como refere o Fundo das Nações Unidas para a População, FNUAP, a nível global, são registados, todos os anos, setenta e três mil novos casos de mulheres com fístulas obstétricas.

O FNUAP já fez saber que está disposto a apoiar Moçambique na elaboração de uma Estratégia para a prevenção e tratamento das fístulas à escala nacional.

Ouça a rpeortagem do francisco Júnior com entrevistas ao Dr Igor Vaz e à representante do FNUAP em Moçambique, Patricia Guzman

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