A absolvição dos 27 réus, decisão ontem tomada pelo tribunal de polícia, colheu de surpresa muitos dos presentes por causa do alarido feito na imprensa quer pelo ministro do Interior, os responsáveis da polícia e demais partidários no governo que procuraram dramatizar os acontecimentos.
O isolamento dos detidos, do contacto com familiares seus e defensores judiciais atribuiu dimensão maior da perigosidade dos mesmos que passaram por algumas das cadeias de máxima segurança.
O povoamento do largo Serpa Pinto em meios sofisticados e homens foi outro dos indicadores.
Perguntei a Casimiro Calei da defesa dos réus, se estava surpreendido com aquela decisão do tribunal?
Acusados de Crime de Assoada, Desobediência e Danos Materiais, o juiz não deu como provados mandando-os em liberdade.
Ora quando comparadas as duas decisões que o mesmo tribunal tomou, num espaço de menos de 15 dias, talvez se tenha tornado evidente o grau de pressão a que esteve sujeita a instância de justiça de polícia.
Lembro que no caso anterior, o juiz nem se quer quis atender a suspensão da pena, demanda pela interposição de recurso pela defesa.
Mas o que fez diferença neste último julgamento, para que houvesse diferente decisão, pergunta que coloquei a William Tonet, da equipa de defesa!
Numa altura em que o Bloco Democrático denuncia aquilo que designa de escalada autoritária que o país vive presentemente. Segundo o BD, a limitação das liberdades é expressão maior ditada pelo poder.
O país entrou para uma encruzilhada. Segundo os “bloquistas”, em parte devido a falta de reformas que o presidente da República subverteu, ao concentrar poderes consagrados na Constituição que ele mesmo fez aprovar.
Enquanto não forem atendidos pedidos para mais abertura democrática disse Nelson Pestana, a rua vai continuar a ser o espaço de reivindicação.