Funcionários egípcios ultimam os preparativos para o julgamento televisionado no Cairo do ex-presidente Hosni Mubarak, os seus dois filhos e vários outros antigos destacados funcionários a partir de quarta-feira.
Eles enfrentam acusações de terem ordenado a morte de mais de 800 manifestantes durante a rebelião que forçou o final do governo de Mubarak em Fevereiro, assim como de maciça corrupção financeira.
A possibilidade de Mubarak, de 83 anos, ser colocado numa gaiola, um costume em tais julgamentos, levanta especulações de que poderá provocar simpatia por um herói militar e líder do Egipto durante quase 30 anos.
Mas há quem esteja preocupado de que Mubarak poderá não estar presente no julgamento, retirando do espectáculo o seu principal actor, enquanto outros receiam que o julgamento possa vir a ser adiado.
Assessores do antigo presidente dizem que ele está muito doente e que não pode ser retirado da estância balnear de Sharm el Sheik para onde se retirou depois do levantamento popular. O governo deu sinais mistos sobre a presença de Mubarak no julgamento, mas vários altos funcionários insistiram que ele estará presente e que as fortes precauções de segurança ao redor do tribunal são prova dessa intenção.
Percepções de que as chefias militares possam estar ainda a proteger os Mubaraks, combinadas com frustrações sobre o passo lento das reformas e a continuação de duros tempos económicos, fizeram diminuir nos últimos meses a popularidade dos militares.
Mas o publicista Hisham Kassem, um proeminente crítico do antigo governo, acredita que o julgamento fornecera um sentimento de alívios, uma indicação de que as coisas estão realmente a mudar, não apenas para os egípcios, mas para os povos de toda a região.